O Ministério da Cultura (MC) abordou várias entidades do setor cinematográfico sobre a possibilidade de encontrar soluções para reabrir o Cinema Monumental, em Lisboa, confirmou o Observador junto da tutela.

O parecer foi pedido pelo gabinete do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, depois de ter recebido por parte dos proprietários do edifício, a empresa Merlin Properties, um requerimento de afetação das salas de cinema situadas no Edifício Monumental a uma atividade de natureza diferente. Antes de tomar uma decisão, a tutela quis ouvir os representantes do setor cinematográfico.

“O Ministério da Cultura recebeu, no passado mês de julho, um pedido de desafetação das salas de cinema do Monumental à atividade de exibição cinematográfica, que lhe foi dirigido pelos proprietários do edifício. Antes de tomar uma decisão, o ministro entendeu ser seu dever esclarecer se a possibilidade de reativar a exibição cinematográfica naquelas salas se encontra esgotada. Por isso, enviou uma carta às entidades com assento na SECA (Secção Especializada do Cinema e do Audiovisual, do Conselho Nacional de Cultura), com vista a apurar se existem interessados na exploração comercial desses cinemas”, confirmou o gabinete de Pedro Adão e Silva, por e-mail. O prazo para responder à consulta termina no dia 31 de agosto.

Monumental: a história e o legado de um cinema “sem viabilidade”

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Ao mesmo tempo, o MC “solicitou esclarecimentos adicionais à proprietária do edifício”. “Só na posse de todos estes elementos o ministro poderá tomar uma decisão sobre o pedido de desafetação que lhe foi dirigido. Ainda assim, a confirmar-se a existência de interessados, uma eventual reativação do cinema Monumental dependerá sempre do acordo entre aqueles e o proprietário do edifício”, lê-se na mesma resposta por escrito.

A 31 de julho, o Observador noticiou que o cinema no Saldanha, em Lisboa, encerrado desde 2019, não teria viabilidade para reabrir, segundo a Merlin Properties, atual proprietária do edifício. Questionada sobre se fazia tenção de utilizar o espaço para outro fim que não a exibição cinematográfica, a empresa fez saber, através da agência de comunicação, que “a Merlin prefere não responder a mais questões sobre este tema”. A Câmara Municipal de Lisboa não recebeu, até à data de publicação deste artigo, qualquer pedido de licenciamento para a alteração de uso do espaço.

Várias fontes ouvidas pelo Observador e que foram contactadas pela tutela, a 7 de agosto, temem que o desfecho seja em tudo semelhante ao que aconteceu em 2014 ao Cinema Londres, em Alvalade, também em Lisboa, que acabaria por ser destruído para dar lugar a um espaço comercial.