O Sindicato da Construção de Portugal entregou esta sexta-feira ao presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), Reis Campos, uma proposta para aumentos de 200 euros e revisão das carreiras.

Em declarações à Lusa, Albano Ribeiro, presidente do sindicato, explicou que entregou a proposta à associação e ficou agora à espera que fosse marcada uma reunião depois de a AICCOPN analisar o documento.

Neste momento a situação no setor da construção é preocupante em termos transversais, desde o carpinteiro, aos arquitetos e engenheiros. Estão descontentes com os salários a ser praticados no setor”, disse Albano Ribeiro.

Na semana passada, o dirigente sindical disse que os trabalhadores da fileira da construção iam entregar à associação uma proposta para aumentos de 200 euros para os profissionais, ameaçando avançar com uma greve e protestos junto à entidade, caso as reivindicações não sejam atendidas.

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Trabalhadores da construção exigem aumentos de 200 euros e ameaçam com greve

Albano Ribeiro disse nessa altura que a proposta passava por subir os salários, em média, 200 euros para os trabalhadores, referindo que “só com aumentos salariais” se impede que os profissionais saiam de Portugal.

“Por exemplo, um operário qualificado, um carpinteiro, ganha 780 euros, um encarregado ganha, neste momento, 850 euros, e um engenheiro ganha 1.100 euros”, destacou, adiantando que com a proposta que o sindicato irá apresentar à AICCOPN um engenheiro passaria a ganhar 1.300 euros, um encarregado 1.050 euros e um operário qualificado 985 euros.

Segundo Albano Ribeiro, a proposta é “de 200 euros de aumento para os trabalhadores”.

Todos os meses saem centenas [de trabalhadores]” e “há obras públicas que não vão avançar, como a requalificação de escolas, hospitais, por exemplo, a via-férrea e já nem falo no aeroporto [de Lisboa]”, disse Albano Ribeiro.

O presidente do sindicato recordou ainda a crise que se vive em Portugal a nível da habitação. “Neste momento o setor da construção deveria estar a construir, para as necessidades do país, mais de 90 mil habitações e só está a construir cerca de 30 mil habitações” por ano, porque “não há trabalhadores”, avisou.

“Os trabalhadores irão dar a resposta e vamos apresentar clausulado, e, se não houver da parte da associação empresarial do setor recetividade, claro que irão lutar pelas suas propostas”, garantiu Albano Ribeiro, recordando que o setor foi um dos poucos que nunca parou durante a pandemia.  Há empresários que estão de acordo com as nossas propostas”, salientou.

O responsável disse que, caso a AICCOPN não dê a resposta que esperam “naturalmente os trabalhadores mobilizam-se, param, fazem greve e vão para a associação protestar. É normal, faz parte da democracia”, mas é algo que ainda querem evitar, destacou.

A Lusa contactou a AICCOPN que, para já, não quis comentar a questão.