A Lucid é um dos fabricantes de veículos eléctricos com maior potencial tecnológico, ou não fosse a sua berlina Air a mais potente e com maior autonomia do mercado. Mas a dificuldade em fabricar modelos em quantidade leva os clientes a desistirem e a perder a confiança numa marca jovem que tanto prometia. Os prejuízos sobem ao mesmo ritmo que as vendas se afastam dos objectivos, mas nada disto parece beliscar o salário e os prémios pagos ao CEO Peter Rawlinson, que continuam em alta.

A Lucid começou a entregar o Air aos clientes em 2021 e, mesmo em 2023, aquele que será o segundo ano completo de vendas, os resultados comerciais foram assustadoramente maus e muito abaixo do previsto pelo próprio construtor. De Janeiro a Março, foram transaccionadas apenas 1406 unidades da berlina. E, durante o 2.º trimestre de 2023, chegaram aos clientes 1404 Air. Por outras palavras, a Lucid nem conseguiu vender a (ridícula) quantidade de berlinas que conseguiu fabricar (2173 unidades).

Lucid reduz produção e vendas, mas sobe prejuízos

Fabricar poucos carros e nem assim os vender é um mau sinal que passa ao mercado, especialmente se tivermos em consideração que a Lucid reduziu em 10.000 dólares o preço do Air Pure, a versão mais acessível do modelo, e assim conseguiu livrar-se de todas as unidades em stock. Mais grave do que isso, o número de veículos à espera de clientes continua a crescer e já superou as 5000 unidades no final do 2.º trimestre, o que significa que existem em armazém Air suficientes para três trimestres de vendas, sem fabricar mais um único veículo, apesar da marca vender nos EUA e Canadá, tendo iniciado este ano a operação na Europa.

Aparentemente alheio a este desespero comercial, Peter Rawlinson recebeu 380 milhões de dólares durante 2022, o que equivale a um pagamento 11 vezes superior ao CEO do grupo General Motors. Sucede que, apesar dos fortes investimentos nos veículos eléctricos, a GM é lucrativa (o grupo facturou 156,7 mil milhões de dólares, com lucros EBIT de 14,5 mil milhões de dólares), enquanto a Lucid perdeu uma fortuna em 2022, com Rawlinson aos comandos. E continua a perder em 2023, com 780 milhões de prejuízo no 1.º trimestre e 764 milhões no 2.º.

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