Seja pelas ligações culturais, seja pelos muitos portugueses no Grão-Ducado, seja até por essa página que ficará na história pela estreia de Eusébio promovida pelo então técnico Fernando Peyroteo (que até acabou com uma derrota por 4-2), Portugal e Luxemburgo terão sempre uma ligação especial não só em termos sociais, políticos e económicos mas também no plano desportivo. Agora, no Estádio do Algarve, essa conexão ganhou um outro prolongamento que ficará para a história da Seleção: a inesperada goleada por 9-0 pelo conjunto nacional diante da formação luxemburguesa tornou-se o maior resultado em mais de um século de história, superando os 8-0 ao Liechtenstein (1994 e 1999) e os 8-0 Kuwait, neste caso no ano de 2003.

A dupla BB e um novo reality show para a história sem CR7 (a crónica do Portugal-Luxemburgo)

Mesmo sem Cristiano Ronaldo, que falhou o primeiro encontro nesta fase de qualificação por castigo depois de ver um cartão amarelo em Bratislava frente à Eslováquia, Portugal conseguiu juntar no Algarve uma conjugação cósmica de fatores para uma noite quase perfeita em que Gonçalo Inácio se estreou a marcar com um bis (que quase se tornou hat-trick, sempre de cabeça), a dupla Gonçalo Ramos-Diogo Jota também fez dois golos cada e Bruno Fernandes voltou a marcar depois de três assistências. Com isso, ficando apenas a quatro pontos da qualificação direta para a fase final do Campeonato da Europa, a Seleção reforçou o estatuto de equipa com mais golos marcados (24 em seis jogos, média de quatro em cada partida) e menos sofridos (zero), permitindo também que Roberto Martínez prolongasse os registos batidos não só em Portugal (que nunca começara o apuramento com seis triunfos) mas em fases de qualificação.

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Ainda assim, e após a partida, o técnico espanhol abordou a exibição conseguida sem o capitão, fazendo questão de não criar qualquer nexo de causalidade. “Não, não, não… O Cristiano é uma parte muito importante desta equipa, o Pepe é uma parte também muito importante desta equipa porque são jogadores que têm uma experiência, um nível e uma forma de trabalhar que contagia os outros e que dá à nossa equipa um valor importante. Mas temos uma competitividade grande e precisamos dar oportunidades, o Gonçalo Ramos mostrou o que pode fazer e o Diogo Jota também. Nós precisamos de jogadores que tinham nível para ganhar jogos e o Cristiano Ronaldo tem essa experiência e uma forma de estar no grupo que é especial. Não precisamos de fazer uma comparação porque é importante mas a nossa equipa está preparada sem ganhar sem Cristiano, o que também é importante”, salientou Roberto Martínez já na conferência de imprensa.

Acho que foi perfeito mais porque os jogadores tiveram a mesma atitude até ao último minuto. É muito difícil continuar com a concentração máxima num jogo em que já tens quatro ou cinco golos de vantagem”, começara por destacar o selecionador antes na flash interview da RTP3.

“Números de Portugal na qualificação? É brutal. Para nós, é um ponto de partida mas precisamos de continuar a trabalhar e melhorar como vimos contra a Eslováquia. O grupo tem continuidade, um esforço espetacular e isso permite ao grupo criar história. Os jogadores merecem o que aconteceu hoje, é o resultado de um trabalho muito duro. O estágio foi de alto nível e vamos continuar assim para outubro. Acho que precisamos de jogar um jogo com 90 minutos de controlo. A fase com e sem bola precisa de ser muito boa. Sem bola, frente à Eslováquia, foi muito bom e hoje aconteceu com bola. Temos jogadores que podem acrescentar. Os jogadores que entraram fizeram-no com uma grande entusiasmo e atitude”, acrescentou.