A situação de Jorge Jesus parece não estar fácil no Al Hilal após dois empates, que apesar de tudo não foram demasiado comprometedores na Liga dos Campeões asiática e no Campeonato da Arábia Saudita, mas nem por isso existe um especial interesse em perceber como serão os treinos do técnico português tendo agora à sua disposição nomes como Neymar e Mitrovic, que se vieram juntar a Milinkovic-Savic, Malcolm, Michael, Rúben Neves ou Koulibaly – ainda mais depois daqueles pequenos excertos de palestras nas duas pausas para hidratação da partida com o Navbahor Namangan. Perfeição é o mínimo que o batido treinador pede em todas as unidades que vai dirigindo, o que pode provocar momentos de maior irritação quando alguém falha e fases de maior regozijo quando tudo corre como quer. É aí que, de quando em vez, tem uma expressão daquelas que fica: “Parece bilhar”. Assim se pode descrever este Manchester City, parece bilhar.

No dia em que Bernardo teve a folga que pede para os outros, Álvarez apareceu para trabalhar: City vence Estrela Vermelha com reviravolta

Se é certo que o último encontro oficial da equipa de Pep Guardiola não foi fácil durante 45 minutos, com o Estrela Vermelha a sair para intervalo no Etihad Stadium em vantagem por 1-0 e com Bernardo Silva a ter de sair por lesão, o final trouxe mais do mesmo: vitória por 3-1, início da Liga dos Campeões da melhor forma e uma “notícia que foi a folha em branco de Erling Haaland numa noite em que Julián Álvarez acabou por ser a grande figura com dois golos. Contas feitas, depois da derrota nas grandes penalidades na Supertaça de Inglaterra com o Arsenal e da vitória também nos penáltis na Supertaça Europeia frente ao Sevilha, o City só sabe ganhar, tendo cinco triunfos consecutivos na Premier League com 14-3 em golos logo a abrir.

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Como conseguir manter a máquina tão oleada? Logo à cabeça, ter no plantel jogadores que sejam capazes de assumir quando existem baixas sem que essas ausências sejam tão notadas, casos de Grealish, Kovacic, Bernardo Silva, John Stones ou Kevin de Bruyne (todos de fora ou a voltar agora de lesão). Depois, ser sempre fiel a uma identidade de jogo que até pode ser percebida pelos adversários mas que muito poucos conseguem depois contrariar. Por fim, beneficiar de um treinador que consegue encontrar pontos de elogio aos adversários para mitigar a pressão de jogar sempre para vencer como aconteceu com o Notthingham Forest, destacado por ter mais Taças dos Campeões Europeus/Liga dos Campeões do que o Manchester City. Sim, tem. Sim, é um dado histórico. Não, isso não tem qualquer peso na hora de evitar um “atropelo”.

A imagem não é a mais simpática mas não haverá muitas outras para definir aquilo que tem acontecido com todos os adversários que visitam o Etihad Stadium. Aliás, o quarto de hora inicial chegou para mostrar isso mesmo e praticamente sentenciar a partida: numa jogada coletiva fabulosa com um passe longo de Rodri, uma assistência de Kyle Walter e um remate rasteiro sem hipóteses de Phil Foden nasceu o 1-0 (7′), em mais um lance de pura categoria de toda a equipa que teve Matheus Nunes a recuperar, a progredir e a combinar antes de fazer a assistência apareceu o 2-0, neste caso com um desvio de cabeça de Haaland (14′). De forma quase discreta, beneficiando das várias lesões de médios e apresentando movimentos sem bola do meio-campo para a frente que não tinha, o internacional português está apostado em deixar marca.

“Como têm sido os primeiros tempos? So far, so good. Conseguimos ganhar todos os jogos desde que cheguei e tenho sido bem recebido por todos desde que cheguei, dos adeptos ao staff, dos jogadores à equipa técnica. Agora espero que as coisas continuem a melhorar. Vim para cá apenas para acrescentar, para ajudar a equipa a chegar a mais vitórias. Todos os jogadores são fantásticos e conhecem as suas qualidades, assim como as dificuldades para fazer o mesmo da época passada. É por isso que lutamos e que vamos continuar”, tinha comentado o médio antes da partida que marcou a estreia como titular na Premier League pelo Manchester City (já tinha jogado pelo Wolverhampton) após ter entrado no onze na Liga dos Campeões.

Pode jogar como médio defensivo, médio ofensivo e até como lateral. Ainda tem de melhorar o seu primeiro toque, não é bom o suficiente. A sua energia é boa e ele fez o último jogo no Wolves como extremo, tem muitas qualidades. Consegue driblar bem e, com tempo, vai aprender como ser mais preciso com o seu primeiro toque. Vai entender isso”, comentara Pep Guardiola.

O encontro seria com esse 2-0 ao intervalo e com Nuno Tavares a ter de sair quando já tinha um amarelo por lesão, sendo substituído por Montiel. No entanto, entre todo esse domínio, as contas ficaram desequilibradas logo no início do segundo tempo com Rodri a perder a cabeça num lance com Gibbs-White a a ver vermelho direto (46′) e Guardiola a abdicar de Doku para reforçar o meio-campo com Kalvin Philips. A partida mudou aquele que deveria ser o natural sentido a partir daí, com o Manchester City a ter menos presença em termos ofensivos e o Nottingham Forest a arriscar um pouco mais em busca do golo que lhe permitisse lutar ainda por pontos. Não aconteceu. E até foi Erling Haaland a ficar perto de bisar num desvio de cabeça já em desequilíbrio ao segundo poste que saiu por cima da baliza do guarda-redes Matt Turner (Vlachodimos continua no banco) antes de Ederson evitar o 2-1 com a melhor defesa do jogo aos 90+4′.