A dengue e a diarreia aguda estão a aumentar “a um ritmo alarmante”, causando “centenas de mortes”, no Sudão, onde a guerra forçou o encerramento de 100 hospitais, alertaram esta segunda-feira médicos que pedem que se contenha a propagação.

O estado mais afetado é Gedaref, na fronteira com a Etiópia, onde “a velocidade de propagação da dengue é catastrófica” e já provocou “centenas de mortes e milhares de casos de contaminação”, alertou o Sindicato dos Médicos do Sudão.

A estação das chuvas no Sudão, marcada todos os anos pela propagação de epidemias de malária e de dengue, é ainda mais devastadora este ano, após mais de cinco meses de guerra entre os dois generais no poder em Cartum. “A situação é particularmente complicada para as crianças doentes, porque enquanto algumas são hospitalizadas, a maioria é tratada em casa”, declarou um médico da região.

Amal Hussein, um residente de Gedaref, disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) que, “em cada casa, há pelo menos três pessoas doentes com dengue”, uma doença transmitida por mosquitos que provoca febres altas e hemorragias, que podem ser fatais se não forem devidamente tratadas.

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Em El-Facher, a capital do Darfur do Norte, “foram registados 13 casos de malária numa semana”, de acordo com o Ministério da Saúde.

Em Cartum, “três pessoas morreram de diarreia aguda” entre as “14 hospitalizadas só no domingo” no bairro de Hajj Youssef, no leste da capital, afirmou o comité de resistência do bairro.

“Tomem precauções para evitar o contágio”, apelou o comité que organiza a entreajuda entre os habitantes desde que os dois generais no poder entraram em guerra, a 15 de abril.

O conflito causou a morte de 7.500 pessoas, segundo uma estimativa, milhões de deslocados e refugiados, e pôs fim a um sistema de saúde que já era insuficiente há décadas num dos países mais pobres do mundo.

Conflito no Sudão já obrigou mais de dois milhões de crianças a fugir

Dezenas de hospitais foram bombardeados ou ocupados por combatentes, e os stocks das instalações ainda em funcionamento estão agora esgotados ou foram saqueados.

Mesmo antes do início da guerra, um em cada três sudaneses tinha de caminhar, em média, mais de uma hora para encontrar um centro de saúde e apenas 30% dos medicamentos essenciais estavam disponíveis.