Xavi Hernández não era propriamente um grande adepto como jogador em falar dos duelos entre Barcelona e Real Madrid. Porque gostava de colocar os culé num patamar acima a nível de qualidade de jogo, porque as picardias a determinada altura eram mais que muitas sendo que algumas envolviam também companheiros de seleção, porque às vezes parecia que tinha de vestir aquela camisola que era mais do que a camisola de um clube com uns traços de política pelo meio. No entanto, na conferência de imprensa antes do jogo frente ao Sevilha, o agora técnico dos blaugrana quase suspirou de alívio quando a conversa resvalou para os duelos que tinha com Sergio Ramos, o mais recente reforço do conjunto da Andaluzia. Porquê? Porque não tinha de falar do possível impacto do “caso Negreira” no Barça. E foi à volta dos dois “temas” que girou o jogo.

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Logo à cabeça, o caso antes da partida: os dirigentes do Sevilha recusaram o habitual encontro entre direções e os catalães reagiram com um comunicado duro a condenar a atitude. “O Barcelona quer mostrar de forma pública a sua repulsa por um ataque injustificado e impróprio do Sevilha. Adicionalmente a esse desprezo, o clube fez um comunicado público onde mostrava a sua indignação por práticas realizadas por ex-dirigentes imputados no “caso Negreira” quando anunciou a sua ausência. O Barcelona entende que isto é um ataque contra a instituição e uma ofensa inaceitável”, defendeu, dizendo que o denominado “caso Negreira” não é desculpa que justifique tal atitude e que o processo está numa fase de instrução prematura.

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Depois, o jogo em si. E uma história quase “trágica” que parecia escrita em torno de Sergio Ramos, que não teve a melhor receção por parte de todos os adeptos no regresso ao clube após largos anos no Real (e agora a passagem recente pelo PSG) mas que também foi o principal alvo do público catalão sempre que tocava na bola. Antes da partida, o central dizia que estava apostado em conseguir marcar pela primeira vez ao Barça, algo que nunca tinha feito em nenhum dos clássicos. Esse golo, à 48.ª tentativa, apareceu mesmo. E foi o golo decisivo. Problema? O antigo internacional espanhol marcou na própria baliza aos 75’…

Em tudo o resto, entre o regresso às vitórias do Barcelona, voltaram a ver-se as virtudes e defeitos que esta equipa catalã vai mostrando neste arranque de temporada. Xavi quis testar algo novo, colocando Lamine Yamal como titular aberto na direita e Raphinha como uma espécie de falso interior pela direita mas com movimentos mais ofensivos com e sem bola, mas continuaram os problemas frente a um adversário que, sem bola, criava dificuldades com o bloco baixo que apresentava. Brilhou na primeira parte João Félix, que teve as duas primeiras possibilidades de marcar com um remate para defesa de Nyland (13′) e um cabeceamento que saiu ao lado (14′) antes da melhor chance numa jogada fantástica de João Cancelo que terminou com um tiro à trave do avançado português que bateu ainda na linha mas não passou o risco na totalidade (21′).

No segundo tempo, com Ferran Torres a entrar na parte final para o lugar de João Félix, o Barcelona foi continuando a arriscar mais à procura do golo da vitória frente a um Sevilha capaz de aproveitar os espaços para colocar transições ofensivas perigosas e acabou mesmo por chegar à vantagem que deixou a equipa à condição no primeiro lugar da Liga com o autogolo de Sergio Ramos após um cabeceamento de Lamine Yamal, conseguindo também travar a série de jogos consecutivos sempre a começar a perder e a sofrer. Ainda assim, nem tudo foi bom. Aliás, a partida até terminou com mais uma má notícia para Xavi Hernández perante a lesão muscular de Raphinha que deve deixar o internacional brasileiro de fora do Dragão.