“Agradecemos sinceramente quaisquer contribuições que possam querer fazer na altura em que começamos a nossa vida de casados.” A lista de casamento dá as primeiras pistas de uma vida doméstica partilhada: uma máquina de café, dois closets, as cadeiras da cozinha, a mesa de jantar. Sem grandes extravagâncias, são os objetos essenciais que os vão “ajudar a preparar o novo lar”, explicam a infanta Maria Francisca e Duarte de Sousa Araújo Martins no site do casamento real, a que o Observador teve acesso. E, para os convidados que precisarem de pernoitar depois da festa, também não faltam sugestões de faustosos hotéis nas redondezas, entre Sintra, Estoril e Cascais.

Decorada com o monograma oficial dos noivos, a landing page começa com as palavras “Francisca e Duarte” em letras garrafais acima de uma fotografia dos noivos, abraçados, sorridentes e vestidos a preceito. Ele, de blazer e camisa; ela de vestido branco — será um vislumbre do que vem a caminho? Dirigindo-se aos leitores na primeira pessoa — ou, neste caso, nas primeiras pessoas—, escrevem: “Estamos absolutamente entusiasmados que se juntem a nós no nosso dia especial. A vossa presença significa o mundo para nós e mal podemos esperar para celebrar esta ocasião alegre com os nossos queridos familiares e amigos.”

O passeio pelo site começa com uma fotografia dos noivos sorridentes

Talvez a pensar nos convidados vindos de fora, foi tudo escrito em inglês, desde o pedido de confirmação de presença (até 1 de setembro mas que foi, sabe o Observador, entretanto alargado até cerca de duas semanas antes do mesmo), às horas recomendadas para a chegada à missa (pelas 13h45, 1h15 antes de a própria cerimónia começar na Basílica de Mafra). O copo de água, nos claustros, está marcado para as 16h30.

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Uma série de outras fotografias mostram os noivos divertidos e sorridentes em diferentes ocasiões, ora mais descontraídas, ora mas formais, na neve, na praia, num casamento e até ao nascer do sol no Monte Ramelau, em Timor, logo a seguir ao pedido de noivado em dezembro do ano passado, depois de subirem juntos uma montanha “gigantesca”, como revelou a duquesa de Coimbra a este jornal.

Quais são os planos para a boda real: “Que seja simples mas com dignidade, uma festa alegre e vivida”

Depois da espreitadela em alguns pontos altos da relação do casal, o site remete, finalmente, para a lista de presentes de casamento, onde Portugal está tão bem representado como estará à mesa de jantar do chef Hélio Loureiro, cujo menu para servir cerca de 1.200 convidados vai incluir pastéis de nata, porco bísaro de Bragança, ostras da ria de Aveiro e pastéis de bacalhau. Pedem presentes, sim, mas não sem antes deixarem tudo em pratos limpos (passemos a expressão): “Por favor saibam que a vossa presença e melhores votos são os presentes mais importantes de todos.”

Porco no espeto, vitela Barrosã, uma carrinha de gelados. O que o chef Hélio Loureiro vai servir no casamento real português

Por falar precisamente nos pratos, um dos destaques da lista de presentes vai para os dois serviços de mesa da Vista Alegre, no valor total de 13.927 euros. As coleções escolhidas foram a Famille Verte e a clássica Sagres. Para a primeira, listam-se unidades suficientes para servir 22 à mesa; a segunda chega para 20 convivas. Além de pratos de sopa, rasos e de sobremesa, estão listados dois serviços de chá, dois serviços de café, duas saladeiras, uma terrina, quatro travessas, um cinzeiro e um açucareiro, entre outras louçarias.

As louças da coleção Famillie Verte, da Vista Alegre, que os noivos pedem para poder servir 22 à mesa

Não vale a pena contribuir para o faqueiro, por outro lado. Por baixo da lista da Cutipol — que enumera uma faca de manteiga, pá de bolo e concha terrina, entre outras 12 cutelarias do conjunto de prata — lê-se em inglês fully donated, indicando que o presente já foi coberto na totalidade. No valor completo de 791,50 euros, inclui colheres de mesa, colheres de chá, facas e garfos de bife e de peixe, tudo da coleção Alcântara, suficientes para servir 22 ao mesmo tempo.

E nas categorias de mobiliário e eletrodomésticos, aqui com imagens a ilustrar, os pedidos incluem uma Air Fryer da Moulinex (199 euros), uma máquina de café da Nespresso (95,20 euros), uma máquina de louça da Siemens (615,20 euros), um aspirador robot iRobot (759,20 euros), uma placa de indução da Miele (749 euros), uma estante de sala Limoux por 3.608,78 euros (à venda no El Corte Inglés), uma garrafeira refrigerada da Siemens (1.839,20 euros) e o sommier com o sugestivo nome “Balmoral” (535 euros, também à venda no El Corte Inglés).

Sem marca determinada, estão ainda listados dois closets (de 345 euros e de 695 euros), um tapete kilim (550 euros), as cadeiras da mesa de jantar (199 euros), dois sofás (de 2.045 euros e de 799 euros) e um aparador (1.224,64 euros), entre várias outras peças de mobiliário, do quarto à cozinha.

A estante para a sala da Limoux também está na lista dos noivos e à venda no El Corte Inglés, como vários dos pedidos

Além da Cutipol, há mais um pedido de contribuições para um faqueiro de origem indeterminada, com a descrição donate as you wish (“doe como desejar”, em tradução livre). Seguem-se os descritivos de IBAN e MBway dos noivos. E o formulário para agradecimentos deixa-se preencher com nome, email, descrição do presente oferecido e incluir uma mensagem personalizada, para que a generosidade fique registada e possa ser, mais tarde, devidamente agradecida.

Contas feitas, os presentes na lista de casamento totalizam cerca de 33.203 euros. E, no que toca às sugestões de alojamento, os noivos propõem uma reserva no Hotel Palácio ou no Hotel Inglaterra, no Estoril; no Tivoli Palácio dos Seteais, no Storytellers Villas ou no Lawrence’s Hotel, em Sintra; ou uma estadia na antiga casa dos Condes de Ficalho, em Cascais, para uma viagem ao romantismo de finais de século XIX, e cuja reabilitação foi distinguida este ano com o Prémio Vilalva da Gulbenkian — já que aqui estamos, aproveite para espreitar a visita do Observador ao alojamento inaugurado em julho, com um jardim idealizado por Francisco Manuel de Mello Breyner, 4.º conde de Ficalho, fundador do Jardim Botânico do Príncipe Real.

Chalet Ficalho. A casa de veraneio do século XIX foi restaurada para se abrir aos hóspedes na vila de Cascais