O Presidente de Israel, Isaac Herzog, disse esta segunda-feira que desde o Holocausto não eram assassinados num único dia tantos judeus como no ataque de sábado do grupo islamista Hamas, que segundo o último balanço matou mais de 900 israelitas.

Desde o Holocausto que nunca foram mortos tantos judeus num único dia. E desde o Holocausto que não testemunhávamos cenas de mulheres, crianças e avós judeus, incluindo sobreviventes do Holocausto, a serem metidos em camiões e levados para cativeiro”, assinalou num discurso difundido pelo seu gabinete.

“O Hamas importou, adotou e imitou o selvagismo do Estado Islâmico. Entrar em casas de civis num dia santo e assassinar famílias inteiras a sangue frio. Jovens e velhos. Violando e queimando corpos. Golpear e torturar as suas vítimas inocentes”, acrescentou.

O grupo islâmico palestiniano Hamas lançou no sábado um ataque surpresa contra o território israelita, sob o nome de operação “Tempestade Al-Aqsa”, com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.

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Em resposta ao ataque surpresa, Israel bombardeou por via aérea várias instalações do Hamas na Faixa de Gaza, numa operação que batizou como “Espadas de Ferro”.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel está “em guerra” com o Hamas e iniciou um contra-ataque com forças aéreas, navais e terrestres sobre a Faixa de Gaza, e a perseguição aos membros do movimento islamista em território israelita.

O número de mortos do lado israelita ascendeu a 300 nas primeiras 24 horas da escalada, e aumentou já para mais de 900, incluindo 100 corpos hoje encontrados pela organização de resgate judaica Zaka numa pequena quinta comunitária (kibutz) que antes do ataque tinha 1.000 pessoas.

Na Faixa de Gaza, os intensos bombardeamentos do Exército judaico, agora por terra, mar e ar, provocaram até à tarde desta segunda-feira pelo menos 560 mortos, na larga maioria civis.

Herzog também exortou a comunidade internacional a “condenar de forma clara e ruidosa as ações do Hamas como condenam as ações abomináveis e indescritíveis do [grupo ‘jihadista’] Estado Islâmico, porque hoje são o mesmo”, e designar todo o aparelho do Hamas “como organismo terrorista”.

Atualmente, Israel, os Estados Unidos — o seu principal aliado — e a União Europeia consideram o Hamas uma organização terrorista.

Segundo fontes oficiais palestinianas, nas últimas horas foi bombardeado o campo de refugiados palestinianos de Jabaliya provocando um número indeterminado de vítimas, com registos de pelo menos 123.000 deslocados internos num enclave com dois milhões de habitantes.

Foi ainda imposto por Israel um bloqueio total ao fornecimento de combustível, alimentos e eletricidade à Faixa de Gaza.