O primeiro-ministro afirmou esta sexta-feira que, a partir de janeiro, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) terá as “peças do puzzle devidamente montadas”, o que não significa que Portugal se transforme de imediato “no país das maravilhas”.

“O calendário que está fixado é que em janeiro temos o conjunto das peças do puzzle devidamente montadas. Se me pergunta se no dia 2 de janeiro passamos a viver no país das maravilhas, não passamos a viver no país das maravilhas”, disse António Costa no final de uma reunião com a Direção Executiva do SNS e o ministro e secretários de Estado da Saúde que decorreu, esta tarde, no Porto.

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Depois do encontro, que durou cerca de quatro horas, o governante explicou que as “peças do puzzle” a que se refere são as três grandes reformas do SNS que, em 2024, vão entrar em vigor, nomeadamente a organização do país em Unidades Locais de Saúde (ULS), a generalização da passagem das Unidades de Saúde Familiares para o modelo B e a reorganização dos serviços de urgências.

As declarações de António Costa surgem dois dias depois de o Presidente da República ter insistido na necessidade de se definir o novo quadro orgânico do Serviço Nacional de Saúde (SNS), sob pena de começarem “a rebentar peças do puzzle”.

Questionado sobre os atuais problemas nas urgências por todo o país, após mais de 2.000 médicos se recusarem a fazer mais horas extraordinárias do que as 150 obrigatórias, o socialista explicou que o país tem um conjunto de médicos que devido à idade estão dispensados de fazer urgências e que a formação dos novos leva tempo.

“E, portanto, nos próximos dois anos vai haver sempre tensão entre o número de profissionais que se reformam, o número de profissionais que deixa de ter idade para fazer urgências e a formação de novos profissionais que os substituem”, referiu.

Frisando que Portugal é o país da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) onde as pessoas mais recorrem às urgências hospitalares, o primeiro-ministro apontou a necessidade de alterar hábitos.

E o primeiro passo, acrescentou, é quando as pessoas estiverem doentes ligarem para a Linha Saúde 24 em vez de irem “a correr” para o hospital.

“Esse é um hábito que nós temos de adquirir: sempre que sentimos que necessitamos de cuidados de saúde, aquilo que devemos fazer é ligar para a Linha de Saúde 24 e seguir as orientações da Linha Saúde 24”, sublinhou.

Insistindo por diversas vezes nessa questão, António Costa ressalvou que, ao irem às urgências sem necessitarem, as pessoas estão, não só a fazer algo que lhes é inútil, como a prejudicar os outros que, efetivamente, têm de ser atendidos nas urgências.

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Esta reunião aconteceu um dia depois de os estatutos da Direção Executiva do SNS, em funções há quase um ano, terem sido publicados em Diário da República.