Aquele pequeno toque em Brad Binder quando seguia na oitava posição antes de terminar no 12.º lugar e o pódio alcançado por Fabio Quartararo no Grande Prémio da Indonésia quase encerraram as possibilidades de Miguel Oliveira poder ainda subir ao top 10 do Mundial de MotoGP quando faltam apenas cinco corridas para o final da temporada de 2023. Não é impossível, não seria também algo inédito, mas tornou-se muito mais complicado tendo em conta a distância de 49 pontos e o momento positivo que o piloto francês, antigo campeão mundial em 2021, atravessa com a Yamaha. No entanto, nem só de resultados em pista é feito o circo da principal categoria do motociclismo e o português é exemplo paradigmático disso mesmo, estando nesta fase numa short list de opções para poder render Marc Márquez na equipa de fábrica da Honda. E esse é o grande objetivo do corredor de 28 anos nesta fase da carreira: voltar a uma equipa de fábrica.

“Foi apenas uma abordagem mas com nada de concreto”: Miguel confirma contacto da Honda, Aprilia recusa saída do português

“No MotoGP atual, o facto de estares na equipa de fábrica não quer dizer que vais render mais. Vimos isso recentemente, com pilotos de equipas satélite a usarem motos de fábrica… São capazes de estar no top 5 ou top 3. Mas o objetivo final de todos os pilotos é estar na equipa principal. A 100%! Ajuda no sentido em que ele pode crescer e ter o melhor apoio que a fábrica pode dar, quando talvez não tens o melhor pacote na moto”, comentou Miguel Oliveira em declarações citadas pelo MotoGP na antecâmara do Grande Prémio da Austrália, onde ganhou em Moto3 e Moto2 pela KTM mas nunca chegou a um top 10 na principal classe.

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Sendo honesto, é um privilégio ser considerado por um construtor como a Honda. O objetivo de todos é estar numa moto de fábrica, com o objetivo de crescer juntos. Quero que isso aconteça o mais rápido possível, seja como for. Se for com a Aprilia, será um prazer”, sublinhou.

Em paralelo, Miguel Oliveira admitiu que não está a ter um ano de estreia fácil pela nova equipa mas vê alguns pontos positivos entre os muitos azares sofridos, dos abalroamentos às lesões, passando por todos os problemas com a moto em algumas corridas. “Não foi o início que desejava com a Aprilia. Tive momentos em que gostava de ter estado melhor, especialmente não estar lesionado. Acidente com Márquez? Foi um momento complicado, mas como era o início da temporada, levei tudo de forma natural. Foi um incidente de corrida e aceitei bem. O que realmente me fez continuar foi o facto de, sempre que estava na moto, conseguia render. Era competitivo e rápido, foi isso que me fez voltar ainda mais motivado”, frisou.

Márquez sai, o dominó no paddock começa e há três possíveis Hondas para Miguel Oliveira em 2024 (sempre pela saída do espanhol)

“Tivemos momentos muito bons, onde consegui mostrar que posso ser competitivo com a moto. Utilizámos a experiência da primeira metade da época e trabalhámos um pouco mais nos detalhes. O pelotão do MotoGP está tão apertado, cada moto faz a sua volta de forma diferente, tens de entender claramente o que precisas em cada pista para conseguir tirar-lhe o melhor. O meu estilo de pilotagem adequou-se muito bem à moto. A determinado momento tive de ver-me livre de alguns hábitos que tinha com a KTM. Com a equipa também demorou um pouco mais para entender-nos, para eles entenderem o que precisava nas sensações da moto para ir mais rápido. É um desafio para equipa e piloto. É um trabalho conjunto, que ambas as partes têm de chegar a um ponto de equilíbrio”, comentou sobre o ano de estreia na CryptoDATA RNF Aprilia.

Também esta semana voltaram as notícias sobre pilotos da Aprilia e uma possível mudança para Honda não só de Miguel Oliveira mas também de… Aleix Espargaró. Enquanto Maverick Viñales voltou a referir que não foi contactado por ninguém da marca nipónica, o espanhol que ocupa a quinta posição do Mundial e tem contrato até 2024 assumiu em entrevista à DAZN que “a Honda é sempre uma boa opção”. “Faço sempre a mesma comparação, para mim a Honda é o Barcelona, a melhor equipa do mundo e a maior. Estão a passar um momento difícil, isso é inegável, mas o Barça também e todos querem ir. Mudar? Depende, tudo tem de ser analisado nesta vida. Porque não?”, comentou o piloto da equipa de fábrica da Aprilia, que em caso de saída poderia também abrir uma vaga para Miguel Oliveira ascender dentro da equipa italiana.