Era um encontro fundamental. Porque a Roma queria confirmar a redenção de um início de temporada que ficou aquém das expetativas mas que começou depois a ser corrigido com três vitórias consecutivas. Porque o Monza era um dos adversários mais complicados nesta fase, tendo em conta até que não sofria qualquer golo há três jornadas nem perdia desde o início de setembro. Porque enquanto o departamento médico não fica mais aliviado para se perceber o que podem fazer realmente os giallorossi, todos os jogos são uma batalha pelos três pontos. A isso juntou-se ainda uma expulsão prematura de D’Ambrosio ainda na primeira parte, que quase aumentava a “responsabilidade” de triunfo. Era jogo de Mourinho, foi jogo de Mourinho.

El Shaarawy foi a aposta legal que deixou Mourinho em delírio (antes de ser expulso): Roma bate Monza aos 90′ e soma quarta vitória seguida

Mesmo depois de duas semanas complicadas em que viu o seu lugar colocado em perigo já esta época pela imprensa transalpina (que vai sair no final da temporada, quando termina o contrato, parece ser um dado adquirido) e teve de lidar com o escândalo das apostas ilegais na Serie A que envolveu também os nomes de Zalewski e El Shaarawy, o técnico português não só defendeu os seus jogadores como não teve dúvidas em lançar a dupla no decorrer da segunda parte para tentar chegar ao triunfo que continuava a ser uma miragem perante o nulo que se mantinha com o passar dos minutos. Nem de propósito, em cima do minuto 90, foi Zalewski que cruzou para a área da esquerda e foi El Shaarawy que, no meio de toda a confusão, “fuzilou” Michele Di Gregorio para o 1-0 final festejado com lágrimas e muita emoção à mistura no Olímpico.

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No banco, José Mourinho ficava em êxtase e caía de joelhos a celebrar o golo a fechar o encontro que deixava os romanos na sétima posição da Serie A, já em cima dos lugares europeus e à condição apenas a três pontos do quarto lugar que dá acesso à Champions. No entanto, as celebrações alargaram-se ao banco contrário e acabaram por terminar em nova expulsão: o treinador começou a fazer gestos para o banco do Monza para “falarem agora” e depois que estariam “a chorar” pelo golo sofrido aos 90′ que ditava a derrota, saindo no nono minuto de descontos para os balneários e devendo ficar de fora do próximo jogo fora com o Inter.

“Não sei a razão de ter sido expulso. Não disse nada de ofensivo, fiz apenas um gesto. No ano passado fizemos um excelente jogo em Monza e, depois do apito final, houve pessoas boas, mas sem experiência, que nos criticaram. Hoje o único banco que deu show e pressionou o árbitro foi o do Monza. Não estou a criticar. Estou apenas a dizer que não se devem dizer palavrões depois de um jogo. Eles são uma boa equipa, têm um ótimo treinador. Não havia necessidade”, apontou Mourinho após o quarto triunfo seguido.

Ainda assim, o pós-jogo ficou marcado por outra frase do treinador português com um destinatário ligado ao Monza mas que não esteve no Olímpico. Papu Gómez, médio internacional argentino que se sagrou campeão mundial no Qatar no ano passado, tinha “aquecido” o duelo ao falar do português antes da partida. “Só tenho uma recordação de José Mourinho, que é ter vencido a Liga Europa pelo Sevilha contra ele”, atirou o jogador de 35 anos com passagens por Sassuolo e Sevilha nas últimas temporadas. Poucos dias depois dessa frase, o jogador acabou por ser suspenso por dois anos por um controlo antidoping positivo quando jogava ainda na Andaluzia, justificado pelo atleta por ter tomado um xarope dos filhos sem consulta médica.

“Declarações de Papu Gómez? Ele não jogou a final da Liga Europa contra nós, mas jogou na meia-final contra a Juventus e sim, já sabia que tinha dado positivo. Isso não me diz respeito. Eu tenho uma tosse mas não vou beber aquele xarope, depois ainda acuso positivo para algum coisa”, ironizou Mourinho.