A entrevista tinha uma perspetiva mais genérica e global, as ideias poderiam ser quase uma resposta a tudo o que se passa nesta fase na Roma. “Vences três jogos mas não é o paraíso porque a derrota está a chegar. Perdes duas ou três partidas e também não é o inferno, porque vais conseguir sair desse momento e vencer de novo. É muito importante manter o equilíbrio, foi algo que aprendi com a experiência. Acho que quanto mais experiência tens, mais equilibrado ficas. Os jogadores olham para ti e veem uma pedra e também alguém em quem podem confiar. Títulos? Quando vejo colegas a lutar pela manutenção e a conseguirem… Isso para mim é vencer. Vencer não é necessariamente ganhar a taça. Vencer não significa levar para casa uma medalha ou uma taça”, comentou José Mourinho ao Gameplan esta semana, entre mais algumas ideias como “a equipa como o mais importante, mesmo quando se é o melhor jogador do mundo”.

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A paragem das provas de clubes para os compromissos das seleções chegou como qualquer técnico gosta que seja, em cima de vitórias, mas nem por isso a realidade da Roma, de José Mourinho ou de ambos acalmou. Por um lado, e olhando para o clube, conseguiu três vitórias seguidas entre Serie A e Liga Europa mas viu dois jogadores envolvidos no escândalo das apostas ilegais que tem abalado o futebol transalpino, neste caso Zalewski e El Shaarawy. Por outro, o técnico português voltou a ser associado a clubes da Arábia Saudita num contrato milionário que promete bater recordes a render 50 a 60 milhões de euros por temporada ao mesmo tempo que surge como potencial sucessor de Carlo Ancelotti no Real Madrid. Por fim, a ligação de Mourinho com os giallorossi que, de acordo com a imprensa italiana, vai mesmo chegar ao final no verão.

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Era neste contexto que a Roma voltava à competição, desta vez com a receção ao Monza logo de manhã este domingo no Olímpico e com Mourinho a aproveitar a conferência de imprensa para comentar as questões físicas que têm abalado o plantel a nível de lesões. Resumo? Llorente está de regresso, Smalling voltou aos treinos mas ainda fica de fora, Pellegrini, Dybala e Renato Sanches mantêm o tratamento, Kumbulla e Tammy Abraham já trabalham no relvado. “Marcámos vários golos bons esta época mas temos de melhorar agora na construção. Quando estivermos a 100%, podemos jogar melhor do que no ano passado mas para mim a beleza ainda continua no resultado, nos pontos. É o que interessa”, destacou o técnico.

Em paralelo, o português abordou também a questão das apostas ilegais que chegou a dois jogadores da Roma, Zalewski e El Shaarawy. “Falei com Zalewski e rimo-nos um pouco, porque fui o primeiro a falar com ele e ele nem sequer sabia o que tinha sido noticiado. Depois, falei novamente com ele e com El Shaarawy. Estou satisfeito e tranquilo. Estou um pouco triste pelo facto de, em Portugal, ter saído uma manchete que dizia ‘Um jogador de Mourinho apostou em resultados’. Isso mancha a imagem do jogador, se não for culpado. Eles têm uma relação suficientemente boa comigo para me dizerem a verdade, mesmo que seja feia. Confio neles. A Roma, que, normalmente, não emite comunicados oficiais, acabou por fazê-lo. Se o fez, é porque estamos todos tranquilos”, referiu José Mourinho a propósito das notícias sobre o caso.

Agora, essa ideia da beleza dos resultados voltou a ficar muito presente, com a Roma longe de uma exibição de encher o olho nem mesmo quando passou a estar em vantagem numérica. No entanto, a quarta vitória seguida chegou com muito coração à mistura e tendo os dois principais protagonistas da semana como heróis do 1-0, com Zalewski a fazer o cruzamento e El Shaarawy a rematar forte na área no meio da confusão. José Mourinho, muito mexido no banco, caiu de joelhos em delírio com o golo. O Olímpico explodiu. E num tipo de jogo onde se deixam pontos na Serie A, os giallorossi conseguiram superar outro obstáculo, com o ponto negativo de, aos 90+9′, o português ter sido expulso antes da viagem a Milão para defrontar o Inter.

Entre um Monza com mais posse mas em zonas longe das balizas e uma Roma que procurava jogar com o tempo entre ataque organizado e transições rápidas, foi preciso esperar quase até ao intervalo para se assistir à oportunidade inicial do jogo, com um desvio de cabeça de Aouar para defesa de Michele Di Gregorio (39′). Um pouco depois, o lance que marcaria o encontro: D’Ambrosio viu o segundo amarelo um forçado por nova falta por trás sobre Belotti e deixou os visitantes reduzidos a dez logo aos 41′, com Di Gregorio a evitar depois o 1-0 nos descontos num lance em que defendeu com o pé na linha um desvio de Belotti na área.

Os giallorossi tinham a partida na mão mas precisavam de encontrar os espaços que o Monza (com Pedro Pereira de início e Dany Mota a entrar na segunda parte) continuava a saber fechar até pela falta de velocidade de processos da Roma, sendo que a tentativa de fechar o cerco junto da baliza dos visitantes foi também dando espaços às unidades da frente dos visitantes para explorarem as transições e criarem duas boas situações de remate com Rui Patrício a brilhar na baliza. Lukaku ainda teve um remate na área que ficou nas malhas laterais mas eram os visitantes que estavam mais perigosos com o jogo a seguir para o seu final. Procuravam-se heróis, eles apareceram com uma carga simbólica à mistura: Zalewski fez o cruzamento da esquerda e El Shaarawy aproveitou a confusão para rematar forte em cima do minuto 90 para o 1-0.