Pressionar os políticos para uma posição firme de Portugal na 28.ª cimeira do clima que começa em novembro no Dubai (COP28) é o principal objetivo de uma vigília pelo clima marcada para 24 de novembro, em Lisboa.

Junto da Igreja de Santa Isabel, no mesmo local onde foi anunciada a iniciativa esta quinta-feira, a vigília vai acontecer uma semana antes do início da COP28 e decorre a partir das 18h30 e durante 13 horas, tantas quantos os dias da cimeira das Nações Unidas.

A iniciativa está a ser organizada pelo grupo católico “Cuidar da Casa Comum em Santa Isabel”, que hoje exibiu uma faixa com as palavras de ordem “Salvar o Planeta, Defender a Vida” e na frente delas falou dos apelos do Papa Francisco em relação ao clima e lamentou que apesar das palavras do Papa ou das cimeiras não se reduziram até agora as emissões de gases com efeito de estufa.

Ana Loureiro, que faz parte do grupo de Santa Isabel lembrou à Lusa que a encíclica “Laudato Si”, publicada há oito anos pelo Papa Francisco, já era sobre o ambiente, e recordou a exortação apostólica “Laudate Deum”, publicada em 04 de outubro, na qual o Papa diz que a emergência climática é uma evidência.

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Mas a verdade, lamentou, é que as emissões não param de aumentar, que os países assumem compromissos de redução de emissões que não cumprem, e que antes de começar já há dúvidas sobre o sucesso da COP28, nomeadamente em relação ao apoio dos países mais ricos aos mais pobres, para fazerem face às alterações climáticas.

Por isso a vigília, frisou, pretende pressionar os políticos a terem uma atitude que possa resultar “em decisões concretas”, não se perdendo mais uma oportunidade para pôr em prática o Acordo de Paris sobre o clima e o fundo para as alterações climáticas.

“Vivemos uma injustiça climática e social”, disse Ana Loureiro, explicando depois que a vigília vai ter momentos de conversa, por exemplo sobre os efeitos das alterações climáticas, de oração, de música e poesia.

Tudo, dizem os organizadores, para expressar o compromisso na defesa do planeta como casa comum da humanidade e chamar a atenção dos responsáveis políticos para que intervenham na COP28 de forma a pôr cobro ao aquecimento global através da adoção de acordos vinculantes, eficientes e facilmente monitoráveis em ordem a uma justa transição energética.

Os organizadores disseram esperar que iniciativas semelhantes aconteçam no país, em resposta aos apelos do Papa, até porque a vigília tem a colaboração da Rede Cuidar da Casa Comum, uma rede de instituições, organizações e movimentos da igreja católica e de outras igrejas cristãs, que tem como objetivo dar “eco à encíclica do Papa”, como explicou Rita Veiga, em representação da Rede, sensibilizando para a questão do ambiente.

“A vigília é uma ideia excelente, sugerimos que as pessoas, nos seus espaços, façam uma réplica desta iniciativa”, disse.

O grupo de Santa Isabel há um ano que desenvolve ações e apresenta desafios mensais à comunidade, um deles por exemplo sobre a necessidade de poupar água, e fez até um estudo sobre a pegada carbónica da igreja, explicou Rita Reino, que faz parte do grupo.

Na exortação apostólica deste mês o Papa alerta para os desafios que a humanidade enfrenta no contexto da crise climática e avisa que a humanidade se aproxima perigosamente de um ponto de não retorno.

FP // JMR

Lusa/fim