Como naquele fatídico jogo contra os Estados Unidos, no Mundial, Ana Capeta voltou a mostrar que os seus remates são um íman que se cola nos ferros. No momento seguinte, Tatiana Pinto ficou também ela perto de marcar, mas só na compensação a centrocampista do Brighton concretizou. Tudo isto aconteceu nos últimos dez minutos de uma segunda parte onde Portugal estragou uma exibição que estava a correr consideravelmente bem diante da Áustria. A derrota (2-1) acabou por sobrar para a Seleção Nacional que se atrasa na luta pela manutenção ao ser ultrapassada no grupo 2 da Primeira Divisão da Liga das Nações.

Tem sido repetido com alguma insistência pelo selecionador nacional, Francisco Neto, que “ficar na Primeira Divisão da [Liga das Nações] é o objetivo traçado”. Para isso, Portugal jogava na Áustria um jogo de caráter crítico para conseguir terminar num dos dois primeiros lugares. Para isso, após um encontro difícil com a França (2-0), as Navegadoras surpreenderam a Noruega (3-2) e deram um passo em frente para continuarem a disputar esta competição junto das melhores seleções europeias. O duelo com a Áustria pretendia ser um prolongamento da fase positiva.

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Portugal teve um situação delicada para resolver ainda antes do jogo ter começado. Ana Seiça sentiu dores no pé durante o aquecimento e levou a que fossem equacionadas outras opções para ocupar o centro da defesa durante os vários minutos em que a defesa do Benfica esteve a ser assistida. Acabou por ficar tudo resolvido antes do recolher ao balneário. A lidar com a ausência de Carole Costa, Francisco Neto não teve que efetuar mudanças nas escolhas iniciais e Seiça fez mesmo dupla com Diana Gomes no 4x4x2 losango das Navegadoras.

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O sistema tático de Portugal era pouco propício à exploração da largura, forçando a Seleção Nacional a procurar o corredor central, o que é sempre uma boa notícia quando se tem Kika Nazareth em campo. Dos pés que parecem varinhas mágicas saiu, logo aos 34 segundos, o passe que desmarcou Jéssica Silva e deixou uma das jogadoras mais avançadas de Portugal, regressada após lesão, frente a frente com Manuela Zinsberger. A guarda-redes austríaca esticou a perna e impediu que as Navegadoras praticamente começassem o jogo a ganhar.

Estava tudo a acontecer fora do tempo. O problema físico de Ana Seiça antes do apito inicial, o hino a tocar em Altach quando as jogadoras ainda nem estavam perfiladas e a oportunidade de golo de Jéssica Silva a tentar bater um qualquer recorde de rapidez. Portugal estava agressivo na recuperação, com cortes impetuosos junto à relva, o que, para uma equipa sem os argumentos físicos de seleções de outro gabarito, não deixa de ser digno de nota. Mas foi lá mais à frente, no último terço ofensivo que a Seleção Nacional mais se evidenciava.

Kika Nazareth, com dois remates à malha lateral e uma tentativa que passou ao lado do poste direito, e Jéssica Silva, com um nó cego em Verena Hanshaw e um par de lances em que a baliza não precisava de ser muito maior para a bola entrar, foram os nomes em maior destaque na equipa de Francisco Neto. Os ataques prolongados impediam a Áustria, com as estatísticas ofensivas praticamente a zero ao intervalo, de se aproximar da baliza de Patrícia Morais.

Portugal estava a dominar completamente, então decidiu experimentar o outro lado da moeda. A segunda parte trouxe uma Seleção Nacional que não conseguiu conter uma melhoria substancial das austríacas. Laura Feiersinger ameaçou e Barbara Dunst obrigou Patrícia Morais a aplicar-se. O pé de Ana Seiça, revestido com uma ligadura após o acidente no aquecimento, ficou claramente torto. Só isso pode justificar a tentativa de alívio que fez contra as costas de Catarina Amado e que acabou com a bola dentro da baliza.

A Áustria estava em vantagem e a segunda parte parecia a descida de uma montanha-russa. Num lance que foi o contrário do que se viu na primeira parte, o ataque austríaco quebrou todas as defesas portuguesas que, pela falta de impetuosidade, viram Barbara Dunst, à entrada da área, rematar para o segundo golo. Patrícia Morais ficou a ver a bola entrar.

A resposta tardia chegou por Tatiana Pinto que respondeu ao cruzamento de Ana Borges a partir da direita com um cabeceamento finalmente certeiro. Portugal saiu derrotado e permitiu à Áustria, agora com quatro pontos, mais um do que as Navegadoras, subir ao segundo lugar do grupo. No outro jogo, França e Noruega empataram a um. As gaulesas lideram com sete pontos, enquanto que as nórdicas são últimas.