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João, o aluno mais novo que tem tanto futebol para ensinar (a crónica do Desp. Chaves-Benfica)

Schmidt manteve os mesmos intérpretes do novo sistema e Benfica regressou aos triunfos inspirado por quem tem mais para aprender na nova posição mas que continua a dar aulas em qualquer posição (0-2).

João Neves voltou a fazer toda a ala direita do Benfica, fazendo a assistência para o primeiro golo e sofrendo a grande penalidade que resultou no 2-0 final
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João Neves voltou a fazer toda a ala direita do Benfica, fazendo a assistência para o primeiro golo e sofrendo a grande penalidade que resultou no 2-0 final

João Neves voltou a fazer toda a ala direita do Benfica, fazendo a assistência para o primeiro golo e sofrendo a grande penalidade que resultou no 2-0 final

Durante muito tempo, Roger Schmidt, até mesmo naquela fase de vitórias consecutivas onde nem o PSG era visto como um adversário capaz de derrubar 11 jogadores que faziam bem mais do que uma equipa, ia sendo alvo de alguns comentários a propósito da forma como mexia mal e de forma tardia. Os resultados apareciam e ia passando tudo ao lado, quando os resultados deixaram de aparecer a forma de mexer a partir do banco foi do oito ao 80 e no final o principal objetivo da conquista do Campeonato foi alcançado. O que defendeu o técnico a esse propósito? Futebol é momento e contexto. E foi à luz dessa ideia que encarou o encontro para a Taça da Liga em Arouca a meio da semana, um encontro que olhando para todo o calendário poderia parecer quase secundário mas que podia ganhar formas de momento chave para definir toda uma época.

Benfica vence em Chaves com golos de Aursnes e João Mário e iguala Sporting à condição no 1.º lugar da Liga

Com a lesão de três elementos importantes na equipa como Bah, Kökçu e David Neres, o regresso de outros jogadores após paragem por motivos físicos como Ángel Di María ou Gonçalo Guedes ou o relativo atraso na adaptação às ideias da equipa de nomes novos como Jurásek, Bernat ou Arthur Cabral, o técnico alemão baralhou e voltou a dar. Com novas unidades de início, com um outro sistema que até aqui nem a plano B chegava. Apostou em Morato para uma linha de três, colocou João Neves a fazer o corredor direito com a ala esquerda para Aursnes, recuperou João Mário para o corredor central à frente de Florentino Luís, preferiu um ataque mais móvel sem uma referência mais fixa na frente. A primeira meia hora de jogo deu-lhe razão e o Benfica superiorizou-se de forma natural. Dúvida: era uma opção para manter, mesmo tendo em conta que o plantel lhe oferecia essa possibilidade de esquema mas sem ter tantas unidades para a sua interpretação?

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“Creio que não depende muito da formação. Não foi a primeira vez que jogámos assim, habitualmente jogamos com uma linha de quatro mas já houve alterações outras vezes. Podemos jogar em alta pressão, os espaços são diferentes, mas a maior diferença é para o João Neves, que tem um papel diferente. O Aursnes já está um bocado mais habituado mas o João Neves interpretou bem a posição. Há mais jogo nas laterais, como viram, mas os jogadores estão bem ligados e não foi um grande problema mudar, foram só alguns detalhes. A forma dos jogadores vai melhorando, como é o caso do Gonçalo Guedes, que não tem jogado muito, mas mostrou na terça-feira [em Arouca] que pode jogar. Se é para manter? Agora estou apenas concentrado no jogo em Chaves. É um bom sistema, com dois centrais às vezes torna-se mais complicado, mas é uma garantidamente uma opção para o futuro”, comentou, projetando também os próximos jogos.

Em paralelo, Schmidt abordara também a importância da semana, que após o encontro em Trás-os-Montes terá uma deslocação ao País Basco para defrontar a Real Sociedad sem margem de erro na Champions e uma receção ao líder Sporting para o Campeonato. “Semana decisiva? Estava à espera desta pergunta, em todas as conferências de imprensa fazem essa pergunta… Os objetivos do Benfica são sempre altos. Todos os jogos são importantes, queremos ser campeões, queremos alcançar algo especial nas provas europeias. O foco está no próximo jogo, queremos lutar pelo primeiro lugar e depois mudamos as atenções para a Liga dos Campeões”, atirou, elogiando ainda o jantar feito por todos os jogadores do plantel que disse desconhecer e recusando qualquer tipo de erro no planeamento que foi feito para a nova temporada e que foi “equilibrado”.

Schmidt até poderia recusar aquela ideia de “semana decisiva” mas da mesma forma como a alteração tática que promoveu em Arouca funcionou e poderia ser um ponto interessante de viragem para alguns momentos da temporada, também os próximos dias ganhariam um especial relevo no contexto da época, tendo em conta o mau arranque na Liga dos Campeões (que era um dos objetivos da temporada, tendo como objetivo “mínimo” a terceira chegada consecutiva aos quartos da competição mediante o sorteio da fase a eliminar) e os inesperados deslizes em nove jornadas no Bessa e com o Casa Pia. Também por isso, e até pela derrota do FC Porto no Dragão com o Estoril que valeria a vantagem de três pontos para os dragões em caso de triunfo, a partida em Chaves, onde os encarnados perderam na última época, assumia especial importância. Era hora de, dentro do coletivo, emergir o melhor que cada um tem no plano individual. E apareceu o do costume.

Há alguns jogadores que se sentem particularmente confortáveis com o atual sistema adotado por Schmidt. Florentino Luís foi um dos melhores porque está numa zona de conforto, João Mário recuperou rotinas de jogo que já tivera no Sporting (embora com movimentos diferentes), Otamendi também ganha liberdade para dar o mote e subir a equipa quando o momento assim o obriga, Aursnes é uma enciclopédia a nível de conhecimento do jogo. Depois há outros jogadores que ainda estão perceber como podem fazer a diferença, casos de Rafa e Gonçalo Guedes. De todos eles, aquele que tem a missão mais complicada pela total falta de rotinas é João Neves, como o próprio técnico alemão assumiu. E foi do jovem jogador que veio a resposta para todos os problemas criados pela boa organização defensiva do Desp. Chaves. Apesar de ter 19 anos e de ser o aluno mais novo nesta nova “aula”, o agora internacional tem muito futebol para ensinar.

Ficha de jogo

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Desp. Chaves-Benfica, 0-2

10.ª jornada da Primeira Liga

Estádio Municipal Engenheiro Manuel Branco Teixeira

Árbitro: Hélder Malheiro (AF Lisboa)

Desp. Chaves: Hugo Souza; João Correia (Carraça, 68′), Bruno Rodrigues, Cafu Phete (Jô Batista, 85′), Sandro Cruz, Bruno Langa; Kelechi, Rúben Ribeiro (Guima, 85′); Rúben Lameiras (Paulo Victor, 58′), Héctor Hernández e Leandro Sanca (Abass, 68′)

Suplentes não utilizados: Rodrigo, Steven Vitória, João Queirós e Hélder Morim

Treinador: Moreno

Benfica: Trubin; António Silva, Otamendi, Morato; João Neves, Florentino Luís, João Mário (Chiquinho, 83′), Aursnes; Di María (Tengstedt, 71′), Rafa (Musa, 83′) e Gonçalo Guedes (Arthur Cabral, 46′)

Suplentes não utilizados: Samuel Soares, Tomás Araújo, João Victor, Jurásek e Tiago Gouveia

Treinador: Roger Schmidt

Golos: Aursnes (59′) e João Mário (80′, g.p.)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Rúben Ribeiro (25′), Rúben Lameiras (41′), Otamendi (45′), Paulo Victor (75′), Bruno Langa (77′), António Silva (87′) e Abass (89′); cartão vermelho a Moreno, treinador do Desp. Chaves (79′)

Apesar de ter ganho a moeda ao ar e escolher atacar na primeira parte a favor do vento (mudando a ordem habitual dos transmontanos), o Benfica viu o Desp. Chaves beneficiar da primeira oportunidade com algum perigo do encontro, na sequência de uma diagonal de Leandro Sanca da esquerda para o meio que terminou com o remate ao lado que bateu nas malhas laterais (2′). A partir daí, e de forma quase natural, a formação encarnada foi assumindo o encontro com mais bola mas sem capacidade de causar perigo junto da baliza de Hugo Souza, fosse na procura da profundidade não muito aconselhável pelo forte vento que se fazia sentir, fosse através de combinações rápidas como tinha acontecido em Arouca. Aí, e nos 15 minutos iniciais, eram já três as oportunidades flagrantes para inaugurar o marcador; em Trás-os-Montes, houve um remate de Aursnes desviado em João Correia que saiu ao lado para canto e pouco mais entre quatro cantos (8′).

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Desp. Chaves-Benfica em vídeo]

O passar dos minutos quase confirmava o bluff de Moreno antes do encontro, quando disse não acreditar que Schmidt mantivesse o 3x4x3 utilizado em Arouca. Não só acreditava como trabalhou a equipa para isso. Com mérito, tinha resultados. A nível de saídas não teve grandes hipóteses perante as zonas de pressão mais altas feitas pelo Benfica no meio-campo contrário, sem bola conseguia controlar todos os movimentos ofensivos dos encarnados também a trabalhar com o normal aumento de ansiedade que o andamento da partida ainda com nulo iria trazer. Assim, com o vento a soprar cada vez mais forte (ou seja, com maior influência em todas as bolas longas tentadas), o único apontamento de registo foi um desvio de cabeça de Morato ao primeiro poste após canto que saiu ligeiramente por cima (19′) entre um oásis de vida perto das balizas.

Só mesmo perto do intervalo se começou a ver o que ainda não se tinha visto no Benfica, quase como aquele grito de revolta ecoado pela primeira vez pelo capitão Otamendi: sem linhas de passe, sem velocidade e sem caminhos para a baliza, o central argentino tentou a meia distância de longe mas à figura de Hugo Souza (36′). Logo no minuto seguinte, Florentino Luís conseguiu pela primeira vez combinar na área com Aursnes antes do passe para Di María mas o remate de primeira saiu ao lado (37′). Ainda houve um livre de Di María que ficou na barreira (45′) mas o intervalo chegaria mesmo sem golos apesar do domínio a todos os níveis do Benfica com um “sinal vermelho” que passava pela falta de oportunidades claras para marcar.

Schmidt não esperou e mexeu na equipa logo ao intervalo, com a entrada de Arthur Cabral para a saída quase natural de Gonçalo Guedes. No entanto, não se pode dizer que tenham existido efeitos imediatos pela troca até porque aquilo que faltava, continuava a faltar: o rasgo individual que materializasse aquilo que o coletivo ia tentando sem resultados práticos. Mais uma vez, foi aí que apareceu João Neves, o médio que foi ‘6’, já jogou na direita, foi ‘8’ e agora aparece encarregue de fazer toda a ala direita: na sequência de mais uma arrancada que deixou Langa para trás até ir à linha cruzar atrasado como mandam os livros, Arthur Cabral desviou de primeira, João Correia ainda conseguiu cortar em cima da linha mas Aursnes empurrou para o 1-0 (59′). Logo a seguir, Bruno Langa encheu-se de fé para disparar um míssil de pé esquerdo que bateu com estrondo na trave após um ligeiro desvio ainda de Trubin mas o Benfica podia gerir agora a vantagem.

A partir desse lance, nem o Desp. Chaves voltou a criar perigo junto da baliza dos encarnados, nem o Benfica teve nenhuma oportunidade para aumentar a vantagem e começar a pensar nos próximos compromissos. E esse momento só chegou mesmo no último quarto de hora entre muitos protestos dos transmontanos, com Bruno Langa a acertar com o braço na cara de João Neves quando fazia a rotação para fintar o jogador dos encarnados e o assistente de Hélder Malheiro a indicar falta na área com consequente grande penalidade confirmada depois pelo VAR. Já sem Di María em campo, João Mário voltou a assumir a marcação de um castigo máximo e não perdoou, fazendo o 2-0 que “sentenciou” de vez a partida já sem o técnico Moreno no banco após expulsão antes de um terceiro golo do regressado Musa, após assistência de Arthur Cabral (que teve uma entrada globalmente positiva), que acabou anulado por fora de jogo ao minuto 90.

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