O tribunal de Constantine (nordeste da Argélia) condenou esta terça-feira a ativista da oposição franco-argelina Amira Bouraoui a 10 anos de prisão à revelia, revelou a imprensa local.

O mesmo tribunal condenou também o jornalista Mustapha Bendjama a seis meses de prisão sob a acusação de ter ajudado Bouraoui a fugir para França, confirmou também Khaled Drareni, representante de Repórteres sem Fronteiras (RSF) em Argel.

A acusação tinha pedido 10 anos de prisão para Bouraoui e três anos para o jornalista, que, tendo em conta o tempo já passado em prisão preventiva, pode ser libertado imediatamente, declarou Drareni na conta pessoal na rede social X (antigo Twitter).

Amira Bouraoui, 46 anos, médica de formação, foi julgada por “saída ilegal do país”, depois de ter atravessado a fronteira entre a Argélia e a Tunísia a 3 de fevereiro. Ao passar a fronteira, a ativista desafiou a proibição de saída do país e acabou por ser detida em Tunes quando tentava embarcar num voo para Paris.

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A ativista conseguiu, no entanto, voar para França três dias mais tarde, apesar de as autoridades tunisinas terem tentado mandá-la de volta para a Argélia.

Argel descreveu a fuga de Bouraoui como uma “exfiltração ilegal” efetuada com a ajuda de pessoal diplomático e de segurança francês e chamou o embaixador da Argélia em Paris para consultas.  O conflito diplomático foi resolvido em março.

Bouraoui tornou-se conhecida em 2014 pelo envolvimento no movimento “Barakat” contra o quarto mandato do então Presidente argelino Abdelaziz Bouteflika, antes de se envolver no movimento de protesto “Hirak” e trabalhar para a estação de rádio privada independente Radio M.

O tribunal de Constantine condenou ainda Ali Takaida, agente da polícia de fronteira, a três anos de prisão e a mãe de Bouraoui, Khadidja, de 71 anos, a um ano de prisão com pena suspensa, segundo as mesmas fontes.

Os coarguidos de Bouraoui foram acusados de “criação de uma associação criminosa, saída ilegal do território nacional, organização da imigração ilegal por uma rede de criminalidade organizada”.

Mustapha Bendjama foi detido a 8 de fevereiro nas instalações do jornal francófono Le Provincial, com sede em Annaba (leste), do qual é chefe de redação, no âmbito do ‘Processo Bouraoui’.

A 26 de outubro, Bendjama foi condenado num outro processo a 20 meses de prisão, oito dos quais não suspensos, juntamente com o investigador argelino-canadiano Raouf Farrah, que foi libertado após ter cumprido a mesma pena.