As autoridades apreenderam 75 mil e 800 euros em numerário no escritório do chefe de gabinete de António Costa na residência oficial do primeiro-ministro. A informação foi avançada pela SIC Notícias e confirmada pelo Observador. O advogado de Vítor Escária afirmou, já esta quinta-feira, que o dinheiro não tem qualquer relação com o caso e está relacionado com “atividade profissional anterior” do chefe de gabinete de António Costa. A CNN noticia o valor tem a ver com prestações de serviços em Angola que foram pagos em dinheiro.

As notas foram encontradas pelo procurador Rosário Teixeira, um dos 17 que participaram nas operações de terça. Neste caso, Teixeira — o magistrado responsável pela acusação da Operação Marquês — liderou as buscas à residência oficial de Costa.

A residência oficial do primeiro-ministro foi o alvo mais relevante das 42 buscas domiciliárias e não domiciliárias que foram realizadas pelos magistrados do Ministério Público e 154 elementos da PSP e da Autoridade Tributária. Tal como o Observador revelou esta quarta-feira, não sendo António Costa um alvo das buscas judicias promovidas pelo Ministério Público, os procuradores João Paulo Centeno, Hugo Neto e Ricardo Correia Lamas tiveram cuidados especiais e deram aos operacionais que entraram em São Bento instruções específicas.

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Como o alvo da busca era Vítor Escária, os investigadores foram instruídos a realizar as buscas única e exclusivamente no espaço de trabalho utilizado pelo chefe de gabinete de Costa, nomeadamente o seu gabinete. As instruções tinham uma razão legal muito importante: os investigadores não podiam entrar no gabinete de António Costa, pois o primeiro-ministro tem direito a foro especial e qualquer busca judicial ao seu espaço teria de ser previamente autorizada pelo presidente do Supremo Tribunal de Justiça.

Dinheiro tem a ver com “atividade profissional anterior” do chefe de gabinete de Costa, diz advogado

O dinheiro encontrado no gabinete de Vítor Escária tem a ver com “atividade profissional anterior” do chefe de gabinete de Costa, garante o seu advogado, Tiago Rodrigues Bastos. “Essa quantia não tem rigorosamente nada que ver com o objeto dos autos”, afirmou o advogado à porta do Campus de Justiça, acrescentando que “o Ministério Público sabe isso perfeitamente”.

Isso nunca foi essa a tese que passa nos autos, nunca esteve em causa que o Dr. Vítor Escária tivesse recebido dinheiro de quem quer que fosse”, diz o advogado. Tiago Rodrigues Bastos diz que é “uma quantia que se relaciona com a sua atividade profissional anterior às funções que exerceu” e “essas explicações serão dadas ao tribunal e constam destes autos neste momento, salvo melhor opinião, apenas para causar uma impressão na praça pública”. É um “facto metido a martelo e não tem rigorosamente nada a ver com o processo”, termina o advogado.

(atualizado às 12h42 de quinta-feira com a nova informação sobre a proveniência do dinheiro de Angola, avançada pela CNN)