O autêntico puzzle que irá constituir a organização do Campeonato do Mundo de 2030, num evento inédito realizado em seis países de três continentes, continua a ser negociado ao pormenor depois das duas decisões mais macros entretanto tomadas: a atribuição da prova por parte da FIFA a Portugal, Espanha e Marrocos tendo ainda encontros no Uruguai, na Argentina e no Paraguai para celebrar o Centenário da competição e a entrega formal da carta de intenções para receber o Mundial, que aconteceu em Rabat há duas semanas. E se ainda continuam no ar algumas dúvidas em relação aos jogos e locais, começam a surgir contornos daquilo que podem ser também outros momentos importantes do projeto como a cerimónia de abertura.

Três estádios, mais de 30 centros de treinos, até 15% dos jogos, o sonho de uma meia-final: o papel de Portugal no Mundial-2030

Assim, já se sabe que esse momento de inauguração oficial da competição, que nas grandes provas de futebol não tem o mesmo impacto que existe por exemplo nos Jogos Olímpicos, não irá realizar-se na América do Sul. Ou seja, o Campeonato do Mundo terá as primeiras partidas no Uruguai, na Argentina e no Paraguai a 8 e 9 de junho de 2030 com as seleções anfitriãs (qualificadas de forma direta) em campo, sendo que nesse momento haverá apenas uma cerimónia em Montevideu para assinalar os 100 anos de Campeonatos do Mundo no mesmo estádio que recebeu a primeira final da prova. Já a cerimónia de abertura irá ter lugar a 13 ou 14 de junho, faltando apenas conhecer o local da mesma. É aqui que entra Portugal.

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Um formato inovador que agrada a todos: Portugal, Espanha e Marrocos organizam Mundial de 2030 que começa na América do Sul

De acordo com o El Español, existem duas possibilidades em aberto: Portugal e Marrocos. Razão? Espanha dá como certa a realização da final do Campeonato do Mundo, a 21 de julho, tendo como palco o Santiago Bernabéu, sendo que a Federação Marroquina de Futebol ainda tinha (ou tem) esperança de receber o encontro decisivo no novo Grand Stade de Casablanca, recinto que será construído entre 2025 e 2028 na região de Benslimane e que terá capacidade para 113.000 pessoas, naquele que será o maior estádio de África e o segundo maior do mundo apenas atrás do estádio de Pyongyang, na Coreia do Norte.

Desta forma, a cerimónia de abertura poderia ficar para os outros dois organizadores que não a Espanha. E como qualquer decisão acaba sempre por ter influência na seguinte, advêm desse momento duas realidades: ou Portugal ficaria com a cerimónia de abertura no Estádio da Luz, por ser o maior recinto entre os três que a Federação apresentou para o Mundial de 2030 (os outros são Dragão e Alvalade), ou teria possibilidades ainda maiores de garantir uma das meias-finais, caso Marrocos ficasse com essa inauguração.

Como o Observador tinha explicado, Portugal vai apresentar três estádios para a realização do Campeonato do Mundo, Luz, Dragão e Alvalade (ou seja, não será construído qualquer recinto especificamente para a organização do evento), e contará com mais de 30 centros de treinos que já existem e que serão alvo de reformulações nos próximos anos. Em paralelo, a Federação estima que o país possa receber um total de 13 a 15 jogos da fase final do Mundial, o que representa um número de 15% ou menos em relação a todos os jogos que decorrerão entre 8 de junho e 21 de julho de 2030. Existia a ambição de ficar com uma das partidas das meias-finais, na Luz, algo que nem mesmo as declarações de Joan Laporta, presidente do Barcelona que “reclamou” para o novo Camp Nou a final ou uma das meias, veio abalar ou alterar.