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Nos últimos dias, fotografias e vídeos que mostram dezenas de homens despidos sob o controlo de soldados israelitas em Gaza estão a ser amplamente divulgados nas redes sociais e em meios de comunicação israelitas. As imagens estão a dividir opiniões, perante a incerteza de que se os homens em questão são ou não combatentes do Hamas, sendo que pelo menos um deles já terá sido identificado como um jornalista.

Os vídeos terão sido captados na localidade de Beit Lahia. Num deles, um grupo de homens vendados é visto ajoelhado no chão com as mãos atadas atrás das costas enquanto soldados do exército israelita os observam. Noutro vídeo, um grupo é visto a ser transportado na parte de trás de um veículo militar israelita.

Confrontado com as imagens, o porta-voz das IDF, Daniel Hagari não respondeu diretamente, escreve o New York Times. Outro porta-voz militar, o major Nir Dinar, acrescentou que os militares não tinham divulgado as imagens e que não sabiam quando, ou se, os soldados israelitas as tinham captado, reporta o jornal norte-americano.

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Alguns meios de comunicação social israelitas indicam que os homens subordinados nas imagens são combatentes do Hamas que se renderam. No entanto, Israel está a ser acusado de ter encenado um outro vídeo que supostamente mostra soldados do Hamas a renderem-se, colocando as suas armas no chão, a informação está a ser avançada pela AlJazeera. No caso deste vídeo, jornalistas do The New Arab dizem reconhecer um jornalista da equipa e respetiva família nas imagens dos detidos, reporta o The Telegraph.

Esta quinta-feira, a Al Jazeera falou com um residente de Beit Lahia que, sob condição de anonimato, aceitou falar sobre a sua versão dos acontecimentos. Alegadamente, o exército israelita terá irrompido pelo bairro ao início da manhã e ordenado aos residentes que saíssem das suas casas e se entregassem às autoridades. As mulheres e as crianças foram depois ordenadas a abandonar o local e a dirigirem-se para os hospitais de Jabalia e Kamal Adwan, ao passo que os idosos foram interrogados e, depois, libertados. Já os homens em idade adulta terão sido detidos e forçados a despirem-se.

“Um dos nossos vizinhos, um homem de 58 anos, diretor de uma escola da UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente), foi detido e atado. Tiraram-lhe a roupa e tiraram fotografias. Depois puseram-no e a outros jovens numa carrinha e levaram-nos em direção à costa”, contou a fonte. Lá, os homens terão sido deixados ao relento durante várias horas, período durante o qual foram interrogados e, nalguns casos, agredidos.

Quando lhes foi permitido regressar a Beit Lahia, descobriram que várias das suas casas tinham sido queimadas e destruídas, e que a sua propriedade tinha sido roubada. Outros houve que ainda não regressaram, não se sabendo até ao momento onde estão nem se continuam detidos.

Um dos detidos foi identificado como Diaa Kahlout, jornalista e repórter da estação televisiva Al-Araby Al-Jadeed, do Qatar. Relatos não confirmados dão ainda conta de que uma das pessoas que pode ser vista despida (apenas com calções ou boxers) nas imagens será um adolescente de 13 anos.

“É uma maneira de tentar quebrar o espírito das pessoas de Gaza”, defende o analista político da Al Jazeera, Ahmed Bedier. “É um tipo de guerra psicológica pensada para as humilhar, para as mostrar nuas ao mundo. São crimes de guerra, contra a lei internacional. Estas pessoas nem sequer são do Hamas”, acrescentou.