Um pouco à semelhança do que acontece na América do Sul, um dos principais problemas (ou “desafios”) nas equipas asiáticas que lutam por todos os títulos é a densidade competitiva que têm de atravessar ao longo de uma temporada. No caso do Al Nassr, e da Arábia Saudita, o aumento da capacidade de todas as equipas fez com que não houvesse propriamente “folgas” possíveis em qualquer competição incluindo a Taça do Rei, prova onde o conjunto de Riade caiu de forma surpreendente nas meias-finais de 2022/23 após perder com o Al-Wehda em casa. Neste particular, o melhor exemplo foi mesmo a partida dos oitavos, com a formação de Ronaldo e companhia a conseguir apenas eliminar o Al-Ettifaq apenas no prolongamento. Seguia-se agora o Al Shabab, que foi goleado pelo Al Nassr na Liga mas melhorou depois da saída de Marcel Keizer.

Protestos, risco de expulsão, gritos por Messi e o golo de Mané: Ronaldo quase perdeu o pio antes de mandar calar na vitória do Al Nassr

Após um grande momento com vitórias atrás de vitórias, a formação de Riade teve uma inédita série de três jogos sem vencer. Em relação à Champions asiática, os empates com Persepolis e Istiklol não beliscaram o apuramento para os oitavos; no que toca ao Campeonato, a derrota frente ao Al Hilal de Jorge Jesus deixou a equipa a sete pontos da liderança ainda na primeira volta. Foi por isso que o último encontro funcionou como um teste à capacidade de redenção da equipa, com o Al Nassr a golear o Al-Riyadh por 4-1 com um golo e uma assistência de Cristiano Ronaldo no jogo 1.200. Agora chegava outra partida sem margem de erro para a Taça do Rei, à semelhança daqueles que a equipa vai começar a fazer sempre na Liga saudita.

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A festa foi feita com um golo e uma assistência para Otávio: assim celebrou Cristiano Ronaldo o jogo 1.200

“Diversificámos o jogo em mais do que um estilo e tivemos um controlo completo. No último jogo do Campeonato, frente ao Al Hilal, tivemos alguns problemas. Falámos sobre isso, trabalhámos para os corrigir e atacámos com vários jogadores. Quando temos menos sete pontos do que o líder, isso coloca-nos pressão em todos os jogos, mas jogamos para atingir vitórias com um grande desejo. Estamos atualmente a construir algo para o futuro, mas também trabalhamos para o presente. Vamos lutar para vencer todas as competições em que estamos”, destacara Luís Castro após a última partida. E na Taça do Rei houve mais um passo nesse sentido, com mais uma goleada por 4-1 que não só carimbou a passagem às meias-finais com uma exibição fantástica de Otávio como serviu para Cristiano Ronaldo chegar aos 50 golos em 2023, sendo que o Al Nassr ainda tem três jogos até ao final do ano numa fase em que Erling Haaland tem também 50 golos e a dupla Harry Kane e Kylian Mbappé leva 49. Terminar como o melhor não é fácil mas não parece impossível…

O jogo começou com as duas equipas a darem tudo para chegarem cedo à vantagem e com o Al Nassr, após um primeiro aviso de Sadio Mané que acabou anulado por fora de jogo (4′), a não conseguir suster as saídas rápidas do Al Shabab e a ver Ali Lajami a ter uma intervenção determinante de carrinho na área para evitar que Abdullah Radif inaugurasse o marcador (10′). Era pela direita do ataque que a formação de Igor Biscán apostava para criar perigo até pela ausência por lesão de Alex Telles e foi num lance que começou de novo por esse corredor que surgiu mais uma oportunidade flagrante para os visitados inaugurarem o marcador depois de um livre direto de Ronaldo travado por Kim Seung-gyu (12′), com Yannick Carrasco a ter uma grande penalidade mas a escorregar na altura do remate e a atirar por cima da trave (15′). Não marcou o Al Shabab, marcou o Al Nassr: grande jogada de Fofana, assistência para Sadio Mané na área, remate travado por Kim para a frente e recarga do médio marfinense numa segunda vaga para o 1-0 (17′).

O golo podia ter caído para os dois conjuntos mas acabou por ser o conjunto de Luís Castro a passar para a frente numa vantagem que durou apenas sete minutos: na sequência de um canto à direita, Carlos Júnior, antigo avançado do Santa Clara, surgiu sozinho na área e desviou de cabeça para o empate (24′). Voltava a ficar tudo relançado mas a vontade do Al Shabab na reviravolta era tão grande que acabou por funcionar contra si. Após um novo canto à direita, a equipa da casa descurou o posicionamento defensivo, falhou a segunda bola após corte e permitiu que o Al Nassr saísse de forma rápida para uma situação de 3×1 que só acabou com a assistência de Otávio para Sadio Mané fazer o 2-1 (28′). Até pela forma como sofreu o golo, o Al Shabab acusou a desvantagem e, entre outra oportunidade de Ronaldo travada por Kim, Ghareeb marcou o 3-1 antes do intervalo depois de um cruzamento de Brozovic após passe de Otávio (45+4′).

O segundo tempo acabou por ter menos motivos de interesse, com o Al Nassr a baixar a intensidade e a gerir o encontro de outra forma sem que Ronaldo deixasse de continuar a tentar o golo sempre que possível, como aconteceu de novo num remate de fora da área que saiu muito ao lado (51′). Também o Al Shabab teve uma ligeira melhoria mas de uma forma mais consentida do que propriamente “conquistada”, ainda que sem criar grandes oportunidades para reduzir a desvantagem e reentrar na partida. Assim, de forma quase natural, seriam mesmo os visitantes a chegar à goleada, com Otávio a ter mais um passe de génio a isolar Ronaldo para o 4-1 na área que serviu de “resposta” aos cânticos por Messi dos adeptos da casa (74′). A seguir, Luís Castro foi poupando as principais unidades e o Al Shabab fez o 4-2 por Hattan Bahebri (90′), sendo que no último minuto de descontos Sadio Mané ainda assistiu para o 5-2 final por Maran (90+7′).