O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho considerou esta terça-feira que a demissão de António Costa, na sequência do processo Operação Influencer, se deveu a uma “indecente e má figura”, apelando a uma mudança política nas próximas eleições legislativas.

“Espero que o país saiba identificar no atual governo, que está a cessar funções, responsabilidades graves na situação a que o país chegou. Suficientemente graves para que o primeiro-ministro tenha sido o único que eu tenho memória que se tenha sentido na necessidade de apresentar a demissão por indecente e má figura”, afirmou o antigo presidente do PSD.

Em declarações aos jornalistas à entrada do tribunal, onde vai prestar depoimento como testemunha no julgamento do Caso EDP, Passos Coelho manifestou ainda o desejo de que a situação de Portugal possa melhorar, avisando que as coisas “não melhorarão sem dedicação, esforço e algumas condições para que isso possa ocorrer”.

Passos, Sócrates e Durão devem ser ouvidos esta terça-feira no caso EDP. Passos foi notificado pelo WhatsApp

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho admitiu que este não é o seu tempo para intervir no espaço político e manifestou a expectativa de que o PSD possa estar preparado e seja “liderante nesta fase nova”.

“Cada um tem o seu tempo e este tempo não me pertence. E, portanto, devemos deixar o espaço a quem pertence o tempo para fazer aquilo que é preciso. O que eu posso formular é um desejo muito sincero de que o PSD possa estar preparado para os tempos que aí vem”, disse o antigo líder social-democrata aos jornalistas no Campus da Justiça, onde foi depor como testemunha no julgamento do Caso EDP.

Sublinhando que será necessário um Governo “que possa inspirar confiança às pessoas”, Passos Coelho disse acreditar numa vitória social democrata nas eleições de 10 de março: “Espero evidentemente que o PSD possa ser o partido liderante nessa fase nova que se vai abrir, não porque é o meu partido – acho que todos compreenderiam que eu desejasse que o meu partido pudesse ganhar as eleições – e confio que sim, que isso acontecerá”.

Para o antigo primeiro-ministro, o “país vai precisar seguramente de um governo que tenha não apenas um rumo bem definido, mas que possa inspirar confiança às pessoas para inverter uma degradação extraordinária de uma parte muito significativa das políticas públicas que são importantes para o crescimento da nossa economia”.

“Muitas das políticas públicas degradaram-se extraordinariamente nestes anos, da saúde à educação, as questões relacionadas com a habitação” e “até à segurança”, porque “há aspetos muito relevantes que envolvem a segurança da sociedade portuguesa e dos portugueses que estão em causa”, sustentou.

No seu entender, Portugal precisa de “um governo esclarecido, que tenha um rumo bem definido e que tenha força, que é como quem diz, autoridade moral, para conduzir uma política diferente”.

Questionado sobre as condições que o PSD terá para formar Governo, Passos disse que o futuro “vai depender das estratégias que os partidos venham a definir, e das condições que os portugueses ofereçam aos partidos que terão a responsabilidade de governar”.

“Espero que ambos tenham uma aguda consciência da importância dos tempos que aí vêm. E que seja possível fazer um governo que tenha autoridade moral, força – que só pode ser dada pelos eleitores – para que se faça o que é necessário fazer”.

Notícia atualizada às 11h30 com mais declarações de Passos Coelho