Chegou a época de generosidade. Em Portugal, o Natal é tão generoso que não se fica pelo dia 25 de Dezembro. O espírito natalício aparece com o primeiro dia do mês e prolonga-se até aos Reis, a dia 6 de janeiro. Em cada momento das várias tradições portuguesas de Natal, duas coisas são certas: a mesa farta e um copo de vinho para brindar.

O calendário português tem uma feliz coincidência: o feriado da restauração da independência a 1 de dezembro dá a oportunidade de parar as obrigações de uma semana de trabalho para fazer a árvore de Natal e inaugurar o espírito do advento em casa. Para muitos é um ritual feito entre músicas icónicas da época e uma ou outra fritura doce que, por esta altura, já se vendem pelas pastelarias.

Tradições à mesa

Há algumas razões que podem explicar a variedade de doces fritos desta época do ano. A primeira será a sua fácil conservação ao longo de vários dias — o que em alturas antigas, sem refrigeração seria crucial. Por outro lado, a religião ditou por séculos que esta época do ano deveria ser de jejum ou, pelo menos de frugalidade, o que seria quebrado, na noite de 24, com uma refeição melhorada em que os fritos doces seriam o elemento reconfortante e energético.

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Confessemos o que é evidente: hoje a frugalidade é um pouco esquecida nas festividades. Quando começa a ser legítimo comer rabanadas, filhoses, sonhos de Natal ou sonhos de abóbora? Não há uma resposta certa, mas até os mais conservadores concordam que o início do mês de dezembro dá carta branca para encher as mesas de tudo quanto sabe a advento.

É a altura do ano em que os “pecados alimentares” são facilmente desculpados e os jantares de celebração com amigos, família, colegas multiplicam-se ao longo do mês, numa espécie de maratona gastronómica e de convívio até à consoada. Se na ceia de Natal, os pratos fazem muitas vezes parte de um ritual — o bacalhau com todos ou polvo, em algumas regiões do país — nos jantares de Natal entre amigos pode haver mais liberdade nos menus. Em ambos os casos nunca podem faltar os brindes.

Um brinde a estarmos juntos

A época pede o aconchego de um vinho como o Periquita Tinto ou o Periquita Tinto Reserva, um blend de Castelão, Touriga Nacional e Touriga Francesa, de cor bem vermelha e aromas a frutos vermelhos no nariz e notas de café no paladar. Este é o vinho que casa na perfeição com uma época feita de ritos e tradições: é o herdeiro do mais antigo vinho tinto engarrafado em Portugal, o Periquita de 1850. Ficará bem à mesa da ceia de Natal, a acompanhar um prato de bacalhau bem lascado e regado de azeite — ou até mesmo embrulhado e oferecido como presente de Natal. A versão gift das garrafas Periquita, vendidas numa caixa elegante, é perfeita para surpreender alguém em qualquer dia do advento.

Uma harmonização mais fresca com a consoada também não será uma má ideia e, para isso, há o Periquita Branco Reserva, um blend de Viognier e Arinto em que a fruta se equilibra com notas suaves de madeira.

O religioso e o pagão unem-se

Por falar em madeira, não nos esqueçamos do madeiro. Em muitas zonas do interior do país, especialmente em aldeias rurais, o madeiro gigante a queimar no largo central mantém-se como fonte de calor, símbolo de união e generosidade e uma luz que ilumina o escuro inverno. As tradições variam com as regiões, mas a queima do madeiro pode levar dias, acompanhar-se de procissões e de convívio. É claro que uma confraternização, por pequena que seja, pede talvez um enchido assado ou uma filhós acabada de fritar. Mais um brinde? Claro que sim!

A religião, como se vê, integrou-se perfeitamente com tradições ancestrais de origem pagã. O madeiro é um desses exemplos e as janeiras, que tradicionalmente se cantam mais à frente no calendário, a dia 6 de janeiro, são outro. A origem destes cantares é a celebração do solstício de inverno e o início de um novo ciclo agrícola. Com o tempo, foi-se juntando à chegada os Reis Magos e ao bolo-rei.

Para muitos é um bolo polémico — tanto que levou mais recentemente ao aparecimento do seu congénere feminino, o bolo-rainha, sem as frutas cristalizadas. Com o sem as tais frutas coloridas, este dia é mais um pretexto para juntar a família e os amigos à volta da mesa.

Em 2024, 6 de janeiro é sábado, por isso, se as festas forem uma autêntica prova olímpica de resistência, pode sempre celebrar o dia de Reis com as pernas estendidas sobre o sofá, a última rabanada do ano e um copo de vinho Periquita. O coração está cheio e as energias restabelecidas para o ano de 2024.