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Artyom Kamardin foi condenado a sete anos de prisão e Yegor Shtovba a cinco anos e seis meses, por lerem poemas em que a invasão da Ucrânia era criticada. A sentença dos dois russos diz que “apelaram a atividades que ameaçam a segurança do Estado”, revela o NovayaGazetteEurope (jornal russo crítico de Moscovo publicado na Rússia e em alguns países europeus), que teve um correspondente no tribunal.

O veredito foi recebido com gritos de “Vergonha!” pelos apoiantes dos dois russos presentes na sala do tribunal, segundo a Agence France-Presse. “É uma arbitrariedade absoluta”, reagiu o pai de Artiom Kamardine, citado pela agência de notícias francesa.

Um dia antes de ser detido, em setembro de 2022, Artyom Kamardin disse o poema “Mata-me, miliciano!” numa praça de Moscovo onde habitualmente os dissidentes do regime do Kremlin se reúnem desde a era soviética.

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O homem de 32 anos também gritou palavras de ordem contra o projeto imperial da “Nova Rússia”, que quer anexar o sul da Ucrânia. No dia seguinte, numa rusga à sua casa foi detido, agredido e violado com uma barra de halteres pelos agentes de segurança que o obrigaram a filmar um vídeo de pedido de desculpas, recorda a Novaya Gazette Europe.

Agora, pediu clemência ao tribunal, argumentando que não sabia que as suas ações infringiam a lei. “Não sou um herói e ir para a prisão pelas minhas convicções nunca esteve nos meus planos”, afirmou numa declaração publicada no canal Telegram dos seus apoiantes e citada pela AFP. Kamardine terá ainda implorado ao juiz para o deixar “voltar para casa”, sob a promessa de se afastar de qualquer “tema delicado”.

Também Yegor Shtovba, de 23 anos, declarou não saber que estava a violar a lei. Aliás, nas suas alegações em tribunal perguntou mesmo: “O que é que eu fiz que é ilegal? Ler poesia?”, referiu o Mediazone, site de notícias russo independente.

Segundo a OVD-Info (organização de defesa dos direitos humanos e grupo de media ) maio já tinha sido condenado a quatro anos de prisão um outro homem detido na mesma altura, Nikolai Dayneko, depois de um acordo pré-julgamento.

Três poetas russos presos após lerem texto antiguerra