O governo argentino criticou esta sexta-feira a Confederação Geral do Trabalho (CGT), a maior central sindical trabalhista do país, por convocar uma greve geral em protesto contra as amplas reformas promovidas pelo recém-eleito Presidente, Javier Milei.

Consideramos surpreendente que a liderança sindical esteja contra as reformas que estamos a propor para o mundo do trabalho, quando a situação económica é crítica”, disse o porta-voz do governo, Manuel Adorni, numa conferência de imprensa, que defendeu a necessidade de “modernizar as regras laborais”.

Quinta-feira, a CGT decidiu convocar uma greve geral e uma manifestação em frente ao Congresso no dia 24 de janeiro de 2024, um dia antes da data em que o novo Governo, saído das eleições presidenciais há três semanas, pretende votar o controverso pacote de reformas no Parlamento.

Poderosa central sindical argentina convoca greve geral para 24 de janeiro

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A central sindical, de raízes peronistas e que não lançava uma medida deste género desde o Governo do conservador Mauricio Macri (2015-19), já se tinha mobilizado na quarta-feira para protestar contra um decreto de necessidade e urgência assinado na semana passada por Milei para desregulamentar a economia, instrumento que entrou hoje em vigor.

O porta-voz presidencial chamou a atenção para o facto de a CGT não ter convocado qualquer greve durante o executivo do peronista Alberto Fernández (2019-23) quando, na sua opinião, essa administração deixou os trabalhadores com “maus salários” e em grande parte na informalidade.

“Não há precedente de ter convocado uma greve geral tão rapidamente desde a tomada de posse de um novo governo, quando a herança que este executivo recebeu é absolutamente brutal”, sublinhou o porta-voz.

O decreto presidencial foi seguido, na passada quarta-feira, pelo envio de um projeto de lei ao Parlamento, em que declara a emergência pública na Argentina até ao final de 2025 – prorrogável por mais dois anos.

Esta sexta-feira, o governador da província de La Rioja, no norte da Argentina, Ricardo Quintela, pediu ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) que declare o decreto inconstitucional e ordene a suspensão total dos seus efeitos. A este respeito, Adorni afirmou que o decreto é “legal, constitucional e está inteiramente centrado na soma das liberdades”, pelo que “não há razão para que seja declarado inconstitucional em tribunal”.

Milei venceu as eleições presidenciais de novembro passado e foi empossado Presidente da Argentina a 10 deste mês.