A principal central sindical argentina, a Confederación General del Trabajo (CGT), convocou uma greve geral para o próximo dia 24 de janeiro em protesto contra as medidas que estão a ser anunciadas e implementadas pelo novo presidente Javier Milei.

Esta quarta-feira, Milei enviou uma pacote legislativo (“ley ómnibus” por conter várias medidas”, que inclui uma reforma fiscal, mudanças na lei eleitoral e na gestão da dívida pública. As reformas requerem a aprovação das duas câmaras do Congresso argentino, nas quais os partidos apoiantes de Milei têm minoria.

O pacote legislativo enviado ao Congresso tem, segundo a Reuters, 664 artigos, que vão desde a privatização de 41 empresas públicas, a eliminação das primárias nas presidenciais e a introdução de uma taxa de 15% em praticamente todas as exportações. E neste capítulo das vendas ao exterior, o Governo de Milei propõe aumentar as taxas de exportação para a soja e derivados dos atuais 31% para os 33%. A Argentina é o principal exportador mundial de soja processada.

Entre as propostas, uma das mais polémicas é a pretender de passar para a Presidência alguns poderes legislativos até 31 de dezembro de 2025, com a possibilidade de ser estendido por mais dois anos.

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O CGT, que junta vários sindicatos poderosos do país, apresentou esta quinta-feira o seu “plano de combate”, pretendendo requerer reuniões com deputados que deverão discutir as propostas de Milei em sessões extraordinárias a partir de 31 de janeiro.

Segundo a Reuters, mais de metade das 42 greves gerais convocadas pela CGT desde 1983 aconteceu em governos não-peronistas. Cinco greves tiveram lugar durante a Presidência de Mauricio Macri (centro-direita), que foi empossado em 2015 e que, nestas eleições, apoiou Milei.

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Milei assumiu a presidência da Argentina a 10 de dezembro e em pouco menos de 48 horas o seu ministro da Economia, Luis Caputo, anunciou 10 medidas de emergência para fazer face à crise económica, como a desvalorização do peso que perdeu metade do seu valor contra o dólar em apenas um dia. Depois disso, na segunda semana foi a vez do próprio Milei dar a conhecer o polémico decreto de necessidade e urgência (DNU) com o qual pretender revogar 366 leis que regulam vários setores. E agora à terceira semana, a “lei autocarro”.

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