As grávidas seguidas no Hospital de Santa Maria estão, desde esta segunda-feira, dia 1 de janeiro, a ser reencaminhadas para o Hospital Beatriz Ângelo, em Loures. Com o bloco de partos ainda em obras, esta foi a solução encontrada pela Direção Executiva do SNS para o primeiro trimestre de 2024, depois de ter sido interrompido o protocolo entre o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte (que abarcava o Santa Maria) e o Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, que recebeu, durante cinco meses — no Hospital São Francisco Xavier — as utentes seguidas no Hospital de Santa Maria.

O encaminhamento diz respeito às grávidas seguidas em Santa Maria e que necessitem de uma indução do parto ou que tenham agendada uma cesariana. No caso das grávidas que necessitem de uma cesariana emergente, continuarão a ser encaminhadas para os hospitais que tenham vaga disponível a cada momento, de acordo com a orientações do INEM.

Por outro lado, o Hospital de Santa Maria vai reabrir a urgência de Ginecologia, passando a assegurar a resposta às utentes da sua área de referência e de outros hospitais da área de Lisboa e Vale do Tejo que não tenham capacidade de resposta.

No que diz respeito à urgência obstétrica, os médicos especialistas e os médicos internos de Obstetrícia do Santa Maria vão passar a reforçar as escalas da Urgência de Ginecologia/Obstetrícia do Hospital Beatriz Ângelo aos fins de semana (quando esta unidade hospitalar não consegue assegurar as escalas), adiantou ao Observador o diretor interino do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Santa Maria. “Os poucos obstetras que temos (quatro especialistas e os internos) vão reforçar as escalas no dias em que o Beatriz Ângelo fechava, aos fins de semana”, referiu Alexandre Valentim Lourenço. Recorde-se que, durante os últimos meses, a urgência obstétrica e ginecológica de Loures esteve encerrada a partir das 20 horas de quinta-feira e durante as sextas-feiras e todo o período de fim de semana, quinzenalmente, devido à falta de obstetras para assegurar aqueles turnos.

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Hospital São Francisco Xavier deixa de receber grávidas do Santa Maria em janeiro. Direção Executiva ainda não encontrou solução

Desta forma, o Hospital Beatriz Ângelo deverá voltar a assegurar uma resposta ininterrupta, sete dias por semana (e até pelo menos até final de março, durante o primeiro trimestre de 2024) com o reforço dos especialistas vindos de Santa Maria — ao mesmo tempo que recebe parte das grávidas seguidas naquele hospital: as grávidas que necessitem de uma indução de parto e as grávidas com cesariana eletivas (ou programadas), segundo Valentim Lourenço. “O Beatriz Ângelo vai passar a ser o hospital de referência para estes casos”, diz o especialista. Já as cesarianas emergentes continuarão a ser encaminhadas pelo INEM para os hospitais que tenham vaga no momento, sublinha o responsável.

O encaminhamento de parte das grávidas para o Hospital de Loures segue-se a um período de cinco meses (entre agosto e dezembro do ano passado) em que vigorou um protocolo entre o Santa Maria e o Hospital de São Francisco Xavier. Como o Observador noticiou, o protocolo foi interrompido no dia 31 de dezembro, depois de uma reunião entre a Direção Executiva do SNS e os dois hospitais. Embora não tenha sido dada uma justificação oficial para o fim do protocolo, sabe-se que o Hospital de Santa Maria não cumpria, com frequência, as escalas que lhe estavam destinadas no São Francisco Xavier, o que levou, por diversas ocasiões ao longo dos últimos dois meses, ao encerramento da Urgência de Ginecologia/Obstetrícia daquela unidade hospitalar.

Equipa do Santa Maria sem informação sobre encaminhamento para Beatriz Ângelo

Os detalhes da cooperação entre o Hospital de Santa Maria e o Beatriz Ângelo, revelados ao Observador pelo diretor interno de Ginecologia/Obstetrícia, não foram, no entanto, comunicados ainda aos médicos do departamento de Santa Maria, o que está a causar mal estar nos especialistas. “A equipa do Santa Maria não foi informada sobre o encaminhamento das grávidas, não há nenhuma reunião marcada. Ninguém sabe o que vai acontecer”, realçou ao Observador uma fonte do Hospital de Santa Maria.

Outra novidade é a reabertura da Urgência de Ginecologia no Hospital de Santa Maria, que já se encontra aberta mas só para os casos referenciados pelo INEM. Quando a maternidade do Santa Maria encerrou para obras de requalificação, em agosto, manteve-se no hospital toda a atividade programada relacionada com a vertente ginecológica: consultas, exames, cirurgias e internamento. Apenas encerrou o serviço de urgência de Ginecologia, que agora volta a ser assegurado em Santa Maria, com um quadro de oito especialistas, adianta o diretor interino Valentim Lourenço.

Número de obstetras que deixaram o Santa Maria subiu para oito

Segundo o comunicado da Direção Executiva do SNS, enviado às redações, esta segunda-feira, a urgência de Ginecologia de Santa Maria não só reabre como passa a ser “a primeira linha de resposta para patologia ginecológica da região de Lisboa”, num esquema de Urgência Metropolitana. “Significa que passará a receber todas as situações que os outros [hospitais] não puderem receber”, sublinha Valentim Loureço, nomeadamente “tudo o que for cirurgias e internamento”. A DE-SNS frisa que esta alteração (com o Hospital de Santa Maria a receber as urgências em períodos de maior pressão) será uma “forma de aliviar a pressão exercida pelos respetivos episódios de urgência na capacidade de resposta dos restantes Serviços de Urgência de Ginecologia/Obstetrícia e Bloco de Partos”.