Quando chegou a Brisbane para o primeiro torneio após um ano de ausência, Rafa Nadal não se quis poupar a esforços e fez de imediato duas sessões de treino. A primeira, de manhã, foi apenas com a equipa técnica; a segunda, na parte da tarde, contou com o jovem dinamarquês Holger Rune, por sinal o jogador com melhor ranking ATP da prova. Para o espanhol não há segredos, não há surpresas, não há novidades. Ou melhor, a única parte diferente na preparação foi mesmo a presença do filho Rafa nas sessões, devidamente “munido” de uma mini raquete a olhar para o pai tendo por perto a mãe, Mery Perelló. Foi essa a imagem que ficou de um dos últimos aprontos do espanhol antes da competição, neste caso com o escocês Andy Murray.

Calor do Kuwait, três parceiros com perfil diferente e a luta contra si próprio: como Rafa Nadal preparou o regresso um ano depois

349 dias depois, e com um primeiro teste com o agora treinador Marc López no torneio de pares (derrota com os australianos Max Purcell e Jordan Thompson), Nadal voltou mesmo aos courts e teve uma exibição acima do que se poderia esperar diante do austríaco Dominic Thiem, vencedor do US Open de 2020 que foi caindo entre várias lesões até ao atual 98.º lugar do ranking. Na reedição da final de Roland Garros de 2018 e 2019, o espanhol ganhou por claros 7-5 e 6-1, defrontando agora na próxima ronda do Open de Brisbane o australiano Jason Kubler, que passou pelo abandono do russo Aslan Karatsev no final do segundo set.

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Ele está de volta e numa versão acima do esperado: Rafa Nadal vence Thiem no regresso aos courts um ano depois

Muito calmo durante a partida a tentar disfarçar o nervosismo que no final admitiu, Nadal fez um encontro “completo” no regresso. Perdeu apenas seis pontos em dez jogos de serviço (o que acabou por ser a principal chave do triunfo), fez prevalecer a sua esquerda, não falhou nos momentos chave. Só mesmo antes do 7-5 que fechou o primeiro parcial houve um diálogo maior com o camarote onde estava toda a equipa técnica, para tentar perceber se era melhor avançar no court para o primeiro serviço ou recuar para o segundo. Foi exatamente nessa partida, e perante essas alterações, que fechou ao quarto ponto de break.

“É um dia muito importante e emotivo para mim. Depois de passar por um dos anos mais duros de toda a minha carreira, poder voltar perante este grande público e jogar a um nível positivo desde o primeiro dia é algo que me deixa orgulhoso. Por mim, pela primeira família e por todos aqueles que estão ao meu lado. Obrigado por todo o apoio. Se tinha dúvidas no início? Sim, claro que sim. Tive milhares de mensagens de apoio ao longo destes meses e consegui ser menos competitivo mas para jogar”, comentou após o triunfo diante do amigo Dominic Thiem. E até o dado histórico alcançado em Brisbane passou ao lado.

Ao vencer na partida de regresso, o espanhol de 37 anos ultrapassou o registo de vitórias de Ivan Lendl, passando a ser o quarto com mais triunfos na Era Open do circuito ATP (1.069) apenas atrás de Jimmy Connors, Roger Federer e Novak Djokovic. “Desconhecia por completo essa estatística mas aquilo que me deixou realmente feliz é ter competido e poder voltar amanhã para mais um jogo”, realçou Nadal.