Dois podcasters britânicos foram condenados a um total de 15 anos de prisão por encorajar atos de terrorismo e disseminar publicações terroristas, determinou um tribunal em Londres, na quinta-feira.

Christopher Gibbons, de 40 anos, e Tyron Patten-Walsh, com 36, foram condenados pelo tribunal de Kingston-upon-Thames a oito e a sete anos de prisão, respetivamente, por 15 crimes de incitamento à prática de atos de terrorismo e dois crimes de disseminação de publicações terroristas entre março de 2019 e fevereiro de 2020, de acordo com a Metropolitan Police.

Em comunicado, a polícia de Londres classifica os dois homens como “homofóbicos, racistas, antissemitas, islamofóbicos e misóginos”.

De acordo com a BBC, os autores da Black Wolf Radio aproveitavam o “formato de um programa de rádio”, incluindo intervalos musicais, para disfarçar a divulgação de discurso de ódio e incitação à prática de atos violentos “como exercício legítimo da sua liberdade de expressão”, considerou a acusação.

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Sob os pseudónimos “Chris White” e “Joseph Walsh”, o programa incluía extensas diatribes contra os “inimigos da raça branca” e a necessidade de esta se defender contra o “genocídio” iminente. Por isto, o par denunciava o casamento entre pessoas de raças diferentes como “traição à raça”, que devia ser punido com a forca.

Para os dois britânicos, o exemplo paradigmático é o do Duque de Sussex, o príncipe Harry, que devia ser “considerado culpado” e sentenciado à morte, tal como o filho, Archie, que devia ser “abatido” como “uma abominação”, relata o Daily Mail.

Os podcasters também elogiavam ataques de supremacistas brancos, como o massacre de Christchurch, em que 51 pessoas foram assassinadas em duas mesquitas na Nova Zelândia, em 2019, e que estes consideraram “um ato de masculinidade branca”.

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Segundo a ABC, o juiz Peter Lodder, que anunciou a sentença, considerou que os condenados são “assumida e dedicadamente supremacistas brancos” que incitam ao terrorismo. Apesar de serem “tão inaceitáveis como ofensivas para uma sociedade civilizada”, Gibbon e Patten-Walsh têm direito à sua opinião, afirmou o juiz; mas Lodder explicou que os réus foram longe demais.

Isto porque a polícia encontrou um catálogo online, denominado “Biblioteca da Radicalização”, com vídeos, livros e discursos neonazis, criada para os divulgar, de onde resultam as duas condenações por disseminação de conteúdos terroristas.

O comandante da unidade de contraterrosismo da Metropolitan Police, Dominic Murphy, explicou que este conteúdo é “exatamente do tipo que tem potencial para atrair pessoas vulneráveis — nomeadamente jovens — para o terrorismo.”