Depois de mais um susto, desta vez para a Taça de Itália numa receção à Cremonese que foi apenas decidida com reviravolta no quarto de hora final, a Roma viveu uma semana de início de mudança com a notícia de que Tiago Pinto, que era o diretor geral do clube há três anos, vai deixar o cargo no final do mês de janeiro, quebrando assim uma das maiores ligações no passado recente após ter sido escolhido pelo Friedkin Group.

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“Depois de três anos, acredito que o meu ciclo na Roma terminou, e, à medida que se aproxima a minha saída, gostaria de agradecer a todos aqueles que tornaram a minha estadia, no clube e nesta cidade, tão especial. Em primeiro lugar agradecer à família Friedkin, que me permitiu viver uma experiência única e servir um clube histórico num país onde o futebol é paixão e tradição. Gostaria também de expressar a minha gratidão aos treinadores, jogadores, colaboradores e todas as pessoas que me apoiaram na reestruturação da área desportiva. Juntos, partilhámos a responsabilidade e o privilégio de trabalhar por um bem precioso, que é a própria Roma. Por último, gostaria de dedicar uma reflexão a duas realidades que, em certos aspetos, representam juntas o passado, o presente e o futuro da Roma. Refiro-me aos apoiantes e ao setor jovem. As imagens dos nossos jovens jogadores apoiados pelos nossos adeptos fizeram-me recordar o significado da família giallorossi e deixaram-me orgulhoso por ter feito parte dela”, referiu o português.

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Não foram três anos fáceis, foram sobretudo os três anos possíveis e com mais do que se poderia esperar ou pensar mediante todos os constrangimentos provocados pelo fair play financeiro. Sempre a trabalhar com treinadores portugueses, começando com Paulo Fonseca e tendo agora José Mourinho, o clube foi lançando vários jovens da formação, garantiu contratações de peso por preços que seriam à partida impensáveis como Paulo Dybala, Romelu Lukaku, Tammy Abraham, Wijnaldum ou Paredes (os dois últimos por empréstimo) e conseguiu ter sucesso desportivo, ganhando uma Liga Conferência e chegando à final da Liga Europa. O que ficou a faltar? O regresso à Champions. E esse era um dos objetivos numa temporada de despedida.

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“Sou respeitador das hierarquias. Não sou ninguém, apesar da minha experiência, para fazer um comentário sobre o trabalho de um dos meus superiores. Desejo-lhe o melhor e ele sabe disso”, referiu a esse propósito José Mourinho, na mesma conferência de imprensa em que confirmou a contratação de Dean Huijsen, jovem central neerlandês de 18 anos emprestado pela Juventus até ao final da época. Já sobre os lesionados, poucas ou nenhumas notícias. “Não recuperámos ninguém para amanhã [domingo]. Não há Smalling, não há Sanches, não há Kumbulla. O Mancini também está longe da recuperação total mas vai jogar. A Atalanta é uma equipa muito boa, um adversário de alto nível. Será um jogo extremamente difícil para nós. Mas nós também somos uma equipa difícil, por isso eles também vão ter dificuldades contra nós”, explicou.

As contas eram fáceis de fazer no jogo que fechava a primeira volta da Serie A: uma vitória colocaria a Roma em lugares europeus, a dois pontos da última vaga de Champions tendo em conta que Inter, Juventus e AC Milan parecem lançados para ficar com o pódio da competição; um empate deixaria tudo ainda mais embrulhado, com diferenças de seis pontos entre o quarto e o décimo classificados; uma derrota manteria a equipa na oitava posição, agora a quatro pontos também da Atalanta. No final, as equipas não foram além de uma igualdade penalizadora para ambos e José Mourinho acabou por ser de novo expulso nos descontos.

O chavão do “quem não marca, sofre” demorou apenas dez minutos a ter uma primeira apresentação no Olímpico, com Romelu Lukaku a ver Marco Carnesecchi negar-lhe o golo com uma saída rápida aos pés (6′) e Teun Koopmeiners a inaugurar logo de seguida o marcador, desviando de cabeça um cruzamento largo da direita sem hipóteses para Rui Patrício (8′). Ao contrário do que aconteceu noutros encontros, a Roma não acusou a desvantagem e partiu de imediato em busca do empate, tendo mais uma vez Lukaku na área a falhar o golo em boa posição na área (21′) antes de Patrício tirar o 2-0 a Charles De Ketelaere com o belga sozinho entre os centrais romanos (22′). A partida continuava viva e com os visitados a conseguirem mesmo chegar ao 1-1 numa grande penalidade convertida por Dybala após falta sobre o lateral Karsdorp (39′) e que levou a uma “picardia com Koopeiners que não passou ao lado da realização mas apenas por altura do intervalo.

Os ânimos continuavam também ao rubro dentro e fora de campo, com os bancos particularmente agitados e com José Mourinho a ser admoestado com cartão amarelo já depois de ter sido chamado a atenção antes pelo árbitro, na altura por protestar uma falta não marcada sobre Dybala. Na segunda parte, não foi diferente: Huijsen ficou perto de uma estreia de sonho num desvio após livre ao segundo poste defendido por Marco Carnesecchi (52′), Scamacca viu um golo anulado por falta sobre Zalewski (56′), Dybala viu também um remate na área ser desviado para as malhas laterais (62′), Lukaku falhou a oportunidade mais flagrante com um desvio por cima após cruzamento de Çelik (80′). Foram várias as tentativas mas o empate não mais seria alterado, com Mourinho a ser expulso nos descontos de novo por protestar por uma falta por assinalar sobre Lukaku, que valeu a chamada do assistente para o árbitro principal e consequente vermelho direto.