A estreia de Portugal no Europeu, contra a Grécia (31-24), foi dois jogos num só. Só na parte final os Heróis do Mar conseguiram sacudir o pó que estava a esconder o talento e a ofuscá-lo. A partir daí, e com uma grande ajuda de Gustavo Capdeville, a Seleção Nacional partiu para uma vitória natural que valeu os primeiros três pontos no grupo F, mas com a sensação de era possível subir mais o nível exibicional. Francisco Costa, o melhor marcador do encontro contra os gregos (seis golos em nove remates), citado pela EHF, assumiu que, apesar de ter tido da sua exibição amplamente elogiada não estava satisfeito: “Não joguei muito bem, foi normal.” Um exemplo individual a aplicar a todos.

O início da odisseia agradou mais aos troianos: Portugal estreia-se a vencer no Europeu de andebol contra a Grécia

A melhor conclusão que Paulo Jorge Pereira conseguiu tirar da estreia foi que pode contar mesmo com toda a gente. O selecionador nacional deu minutos a vários jogadores na segunda parte que acabaram por decidir o jogo mesmo não tendo feito parte das escolhas iniciais. Um desses casos foi o lateral Joaquim Nazaré que projetou o jogo com a República Checa onde Portugal podia, em caso de vitória, assegurar o lugar na Main Round, algo que o treinador foi dizendo tratar-se do objetivo mínimo para a equipa das quinas. “Este jogo vai ter um grau de dificuldade muito maior do que o da primeira jornada, sabemos que não poderemos entrar da mesma forma, temos que jogar da mesma maneira que [fizemos] na segunda parte frente à Grécia. Teremos que entrar focados, sem medo, sabemos que temos qualidade para ganhar este jogo e penso que iremos obter a vitória.”

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A República Checa era o chamado pau de dois bicos. Com muitos jogadores a representar equipas alemãs, a seleção treinada pelo espanhol Xavier Sabaté chegou ao intervalo empatada a nove com a tricampeã mundial Dinamarca na primeira jornada. Porém, na segunda parte, a diferença ficou reduzida a apenas cinco golos graças ao desempenho estratosférico do guarda-redes dinamarquês Emil Nielsen que defendeu 13 dos 18 remates (72%) que enfrentou. “A República Checa é uma seleção muito séria, nós temos que estar num nível elevado para podermos vencer”, garantiu Paulo Jorge Pereira. “Quem for mais competente vai vencer. Nós acreditamos que podemos fazê-lo, mas temos que ser muito competentes.”

As duas equipas entraram em campo completamente cientes da importância do jogo. A intensidade castigou Portugal nos minutos iniciais. As exclusões de Luís Frade e Leonel Fernandes atrasaram a imposição do domínio português. Quando os Heróis do Mar jogaram durante um maior período de tempo com sete jogadores, a vantagem chegou a ser de sete golos e o talento ofensivo ia combinando na perfeição com a inspiração do guarda-redes. Diogo Rêma, de 19 anos, que até com a cara defendeu um livre de sete metros, o que levou à expulsão de  Dominik Solak. Ao intervalo, a Seleção Nacional vencia por 7-13.

Acima de tudo, Portugal corrigiu muitos dos erros cometidos contra a Grécia, nomeadamente, a transição defensiva. Assim, a Seleção Nacional ia preservando a vantagem que tinha construído sobretudo ao travar a produção ofensiva do checo Matej Klima e ao contributo de Martim Costa, melhor marcador do jogo com 11 golos. No entanto, na fase final do último encontro, foi preciso sofrer ligeiramente. A República Checa colocou-se a quatro golos de diferença a cerca de cinco minutos do fim e Portugal viu Alexandre Cavalcanti ser excluído. Não passou de um susto e o resultado acabou mesmo por vencer (27-30).

A Seleção Nacional fica a torcer por uma vitória da Dinamarca frente à Grécia para poder avançar para a Main Round (aquele que Paulo Jorge Pereira considerou ser o objetivo mínimo para o Europeu). Caso isso aconteça, Portugal discute a liderança do grupo F na última jornada com os tricampeões mundiais.