Enquanto sobretudo em Inglaterra se vão fazendo contas aos valores que José Mourinho já recebeu pelas milionárias rescisões de contrato por onde vai passando (sendo que a saída da Roma tem valores mais baixos do que recebeu dos clubes da Premier League), em Itália o foco está ainda na decisão em si e na forma como tudo aconteceu esta terça-feira em que de manhã o português deixou de ser treinador e à tarde será Daniele De Rossi, antigo capitão dos giallorossi, a dar o treino. E houve um pouco de tudo, com essa ideia de que os adeptos não reagiram propriamente da melhor forma e fizeram com que a polícia reforçasse a segurança.

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Assim, de acordo com a Sky Sport Italia, a decisão do despedimento de José Mourinho foi anunciada a todos os jogadores, equipa técnica (a parte do clube) e restante staff pelo próprio Dan Friedkin, um dos atuais proprietários da Roma que se deslocou dos EUA até Itália para tratar pessoalmente da substituição. Só isso, como depois especula a imprensa transalpina, mostra que a derrota com o AC Milan em San Siro foi apenas a última gota de um copo que estava a transbordar, ao mesmo tempo que na teoria deixa cair a ideia de que existisse intenção do clube em prolongar o vínculo com o português que terminava em junho de 2024 (algo que o próprio admitiu ser um objetivo, até pelas propostas que recusou da Arábia Saudita este verão).

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Na conversa com o plantel, que surgiu depois de uma reunião entre Dan e Ryan Friedkin e Mourinho onde foi comunicada a rescisão, terá sido notório o espanto dos jogadores pela decisão que estava tomada e viria a ser anunciada alguns minutos depois através dos meios oficiais do clube, sendo que há também a descrição que um dos adjuntos de Mourinho, Salvatore Foti, terá ficado de lágrimas nos olhos com a notícia. Até pelo impacto do anúncio de Dan Friedkin, o treino foi adiado da manhã para a parte da tarde, ficando também aí definido que o sucessor do português será Daniele De Rossi, que ainda se cruzou como jogador com nomes do atual plantel como Lorenzo Pellegrini (atual capitão), Cristante, Karsdorp ou El Shaarawy.

Também José Mourinho passou de manhã por Trigoria, local onde está o centro de treinos da Roma (que foi sofrendo várias alterações de fundo desde que o treinador e Tiago Pinto chegaram ao clube, do aumento de campos às instalações, passando pelo próprio espaço destinado às equipas de formação), e aproveitou para despedir-se de todos os funcionários do clube com quem privou nos últimos dois anos e meio. A Gazzetta dello Sport contou também que houve um reforço de autoridades no local com três carrinhas da polícia à porta para garantir que nada de anormal se passava perante os protestos dos 50 adeptos presentes. O Corriere dello Sport reforça a tónica do apoio ao treinador português entre todos os que estavam no local.

A mesma publicação diz também que esses adeptos foram atirando ao ar panfletos que davam conta do desagrado pela decisão dos proprietários em rescindir contrato com Mourinho, com frases como “Porco Friedkin” e “Friedkin vai-te embora”. À saída de Trigoria, o português foi abordado por esses mesmos adeptos, que cantaram o nome do técnico que ganhou a Liga Conferência e foi à final da Liga Europa. “Muito obrigado por tudo”, atirou Mourinho enquanto ia tirando algumas fotografias com os presentes, ficando de novo a ideia que os resultados podiam não estar a aparecer mas a ligação com os adeptos continuava forte.

De Espanha, o jornal Marca avança com a garantia de que os proprietários da Roma já tinham decidido em outubro que não iriam renovar o contrato com José Mourinho, considerando que era o terceiro treinador com maior salário na Serie A mas sem apresentar os resultados esperados sobretudo na última época e meia em que os dirigentes consideravam haver um plantel melhor para o rendimento que a equipa apresentava. Ou seja, Friedkin considerou que, sendo possível chegar aos lugares de acesso à Liga dos Campeões da próxima época, esse objetivo dificilmente poderia ser atingido com Mourinho no comando. A Gazzetta dello Sport refere mesmo que o despedimento surgiu a partir do momento em que houve o consenso de que Daniele De Rossi poderia assumir o cargo potenciando a qualidade existente no atual plantel. E com mais uma informação importante: Friedkin já terá contactado várias vezes com Antonio Conte…