Os deputados alemães aprovaram, esta quinta-feira, uma série de medidas que endurecem a política migratória do país onde o número de pedidos de asilo aumentou fortemente no ano passado.

A subida em mais de 50% das solicitações de asilo à Alemanha em 2023, que se somou ao acolhimento de um milhão de refugiados ucranianos, colocou sob pressão a capacidade das autarquias locais, que fizeram soar alarmes. A situação aproveita também ao partido de extrema-direita AfD, que está em alta nas sondagens.

“Queremos que as pessoas que não têm o direito de ficar no nosso país sejam obrigadas a abandoná-lo mais depressa”, declarou, esta quinta-feira, a ministra do Interior, Nancy Faeser, a propósito deste projeto de lei, que visa “expulsar de maneira mais rápida e mais eficaz”.

“Os que fogem da guerra e do terrorismo podem cotar com o nosso apoio”, acrescentou Faeser, que pertence ao SPD do chanceler Olaf Scholz.

As medidas adotadas dão novos poderes à polícia para procurar as pessoas identificadas para sair do país e estabelecer a identidade dos migrantes. Por outro lado, a duração máxima de retenção antes da expulsão passa de 10 para 28 dias, para dar às autoridades mais tempo para organizar as expulsões.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

As associações de defesa dos direitos criticaram as novas disposições, com a Associação dos Advogados alemães a considerar que não resultavam da “proporcionalidade”.

“Estamos horrorizados com a ideia de que as pessoas em fuga e as que lhe oferecem uma ajuda humanitária possam ser ameaçadas com penas de prisão”, declarou a associação de socorro marítimo SOS Humanity. A lei prevê sanções mais severas para o tráfico de seres humanos, sejam as ajudas à viagem remuneradas ou não.

Em todo o caso, contém disposições que limitam os processos à assistência em terra, o que, segundo o governo, protege as organizações não governamentais que ajudam os migrantes no mar.

O governo estima que este conjunto de medidas vai conduzir a 600 expulsões suplementares por ano. Faeser observou que uma aplicação mais firme da política existente tinha levado a um aumento das expulsões em 27%, para atingirem as 16.430. Estatísticas oficiais indicam que em 2023 foram registados 329.120 novos pedidos de asilo.

No final de 2023, a coligação de Olaf Scholz já tinha decidido reduzir as ajudas financeiras entregues aos candidatos a asilo.