Depois do excesso de jogos, o “excesso” de provas. Passados os primeiros dias de absoluta loucura a nível de jogos na Premier League, o calendário inglês entrou numa fase que tão depressa permite a algumas equipas ou jogadores irem passar uns dias de férias ao Dubai como coloca os conjuntos a jogarem para várias provas ao mesmo tempo entre Campeonato, Taça de Inglaterra e Taça da Liga com várias baixas pela realização da Taça das Nações Africanas e a Taça Asiática (neste caso, com menor influência no contexto britânico). Neste aspeto, o Chelsea era mais um exemplo com encontros para todas as competições num mês que vai acabar com uma deslocação a Anfield para defrontar o Liverpool para a Premier. Antes, havia uma “final”.

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Era uma segunda mão de uma meia-final mas era uma “final”. Numa temporada em que tudo o que pode correr mal, tem corrido ainda pior em vários momentos, o Chelsea tinha a possibilidade de “limpar” essa metade de época muito aquém das expetativas em Stamford Bridge na receção ao Middlesbrough depois de mais um falhanço no primeiro encontro com uma derrota pela margem mínima frente ao conjunto que agora milita no Championship. Mais: em termos históricos, os blues tinham contas por ajustar após uma eliminatória que ficou nos livros em 1988 pelos piores motivos que era agora recordada pelo The Guardian.

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Nesse dia 28 de maio, o Chelsea recebia o Middlesbrough para a segunda mão do playoff de promoção ao principal escalão com uma desvantagem de 2-0 depois dos golos de Trevor Senior e Bernie Slaven. Na cidade de Londres, os blues estiveram cedo na frente com um golo de Gordon Durie aos 18′ mas não conseguiram o segundo golo que empataria todas as contas, sendo afastado dessa possibilidade de subida de divisão. O pior chegaria depois: centenas de adeptos do Chelsea invadiram o relvado com várias tochas em direção dos adeptos visitantes e só mesmo 40 minutos depois a polícia conseguiu controlar todas as incidências, num episódio que fez 45 feridos (25 agentes da autoridade), motivou 102 detenções e fez com que o Chelsea jogasse os primeiros seis encontros da época seguinte à porta fechada além da multa pecuniária.

Agora os tempos eram outros mas os constantes nervos à flor dos adeptos continuavam presentes perante uma sucessão de mercados a gastar milhões que depois não tinham resultados. Esta noite, tudo se esfumou. E a presença na final da Taça da Liga, onde irá defrontar Liverpool ou Fulham, chegou com goleada.

Havia fé para dar e vender entre os adeptos do Boro, que “invadiram” Stamford Bridge com a ambição de carimbarem nova surpresa que desse acesso a Wembley. No entanto, foi sobretudo pelos erros dos visitantes que o resultado se foi avolumando: Jonny Howson marcou na própria baliza na tentativa de cortar a bola de Broja na área (15′), Enzo Fernández aumentou a vantagem sozinho na área aproveitando as facilidades que o adversário dava em termos defensivos (29′), Didasi e Cole Palmer fizeram o 4-0 que se registava ao intervalo depois de erros na reposição de bola do Middlesbrough (36′ e 42′). Cole Palmer (77′) e Madueke (81′) ainda foram a tempo de dilatar a vantagem antes de Morgan Rogers reduzir para 6-1 a dois minutos do final, o que deixou a bancada dos visitantes em completo delírio a festejar como se tivessem ganho o jogo.

Entre algumas boas exibições como a de Cole Palmer ou Sterling, Enzo Fernández voltou a ganhar um outro protagonismo nas opções de Mauricio Pochettino depois de um período marcado pela irregularidade das exibições e/ou pelas más prestações. Com o remate certeiro, o argentino que deixou o Benfica em janeiro tornou-se o melhor marcador do Chelsea em casa esta época a par de Sterling e Palmer (cinco) e terminou a partida como o jogador com mais passes longos feitos, mais oportunidades criadas e mais duelos ganhos. Um ano depois, o campeão mundial que custou 120 milhões de euros voltará a lutar por um título.