O movimento independente MAISines (Setúbal) decidiu retirar a confiança política ao seu vereador António Braz, alegando que este já não se enquadra no projeto político da organização, mas o autarca diz que a decisão não tem legitimidade.

Em comunicado, publicado na página oficial do MAISines, na rede social Facebook, a comissão política explicou que a decisão resulta de um “processo que tem vindo a ser analisado nos últimos meses relativo às ações” de António Braz, que é vereador na Câmara de Sines (de maioria PS), eleito nas eleições autárquicas de 2021.

Segundo o MAISines — Movimento Alternativa Independente Sineense, “foi decidido que as ações levadas a cabo pelo vereador António Braz não permitem restabelecer a confiança”, que é “imprescindível ao trabalho político coletivo”.

A decisão “apreciou o facto de que há mais de um ano e, sem qualquer indício prévio, o vereador António Braz tenha deixado de comparecer às reuniões regulares da comissão política e às demais atividades essenciais para a prossecução do projeto político do MAISines”, referiu a organização.

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Além disso, o autarca terá “deixado de considerar as posições programáticas do movimento e muitas vezes seguido linhas políticas contrárias ao defendido pelo MAISines”, lê-se no comunicado.

Contactado pela agência Lusa, o vereador António Braz questionou a legitimidade desta decisão, sustentando que a comissão política “é um órgão informal” e afiançou que as acusações de que é alvo, no comunicado, “são graves” e “não correspondem à verdade”.

Trata-se de “um comunicado assinado por uma comissão política que não existe legalmente“, argumentou.

“Pelo menos que eu saiba, não foi eleita por ninguém, não sei quem são os elementos e uma parte significativa das pessoas do MAISines também não saberão”, acrescentou.

E “a legitimidade desse comunicado é igual à legitimidade que tenho de fazer um comunicado idêntico, junto com cinco ou seis pessoas, a expulsar qualquer uma das pessoas do MAISines”, assinalou o vereador.

O autarca refutou ainda a ideia de qualquer “desalinhamento” para com “a estratégia” daquela estrutura política e desafiou os elementos do MAISines ou da oposição a apontarem “qual foi a medida, decisão ou posição pública ou privada [por si adotada] que não esteja de acordo com o programa eleitoral” do movimento.

“Quando foi o recente processo de detenção do presidente da Câmara de Sines [no âmbito da Operação Influencer], tomei uma posição pessoal de salvaguarda do direito da presunção de inocência, e senti algum afastamento de algumas pessoas do MAISines”, sustentou.

Operação Influencer. Sines 4.0, o centro de dados no centro da polémica

Outro dos motivos do alegado afastamento invocado, sugeriu, poderá está ligado ao facto de ter votado favoravelmente o Orçamento para 2024 e as Grandes Opções do Plano da Câmara de Sines, por considerar que representam “um conjunto vasto de ideias e de projetos do MAISines”.

No comunicado, a comissão política, que frisou que a partir de agora “nenhuma intervenção política” de António Braz “vincula o MAISines”, acusou ainda o vereador de adotar “uma postura hostil e em alguns momentos agressiva e ameaçadora”, inclusive com “insultos a outros eleitos” do movimento.

À Lusa o autarca garantiu que vai continuar a defender os interesses dos eleitores que votaram no movimento independente, mantendo-se no cargo de vereador da oposição, por considerar que “o efeito legal e prático deste comunicado é nulo”.