Foi como afastar um rei do seu trono. Djokovic interrompeu uma série de 33 jogos consecutivos a vencer no Open da Austrália. É sabido que este é o Grand Slam no qual o sérvio mais vezes saiu por cima (10) e onde se sente em casa. Por isso, a queda perante Jannik Sinner, nome mais recente nestas andanças, foi digna de registo. Na meia-final, o italiano bateu Djokovic – 1-6, 2-6, 7-6 (8-6) e 3-6 – em apenas três sets e alcançou a primeira final de sempre num Grand Slam.

Djokovic ajudou a criar a besta e agora sofreu com ela. “É uma história verdadeira. O Novak disse ao meu treinador, quando eu tinha 16 ou 17 anos. como é que eu podia melhorar, especialmente no serviço. Acho que ele não se arrepende, ele é ótimo”, contou Sinner no final do jogo. “Esperava por este jogo, contra um jogador com quem se pode aprender muito. Sempre aprendi alguma coisa ao enfrentá-lo e tenho que agradecer à minha equipa por me ajudar crescer”.

Em Djokovic, a desilusão era evidente. Pelo menos, o tenista com mais Grand Slams conquistados de sempre sabia o motivo do descalabro. “Foi um dos piores encontros que joguei num Grand Slam, não é agradável jogar assim. O nível do meu ténis não tem sido bom, tentei encontrar serenidade. Espero sempre o melhor de mim e desta vez não foi assim. Essa derrota não significa o começo do fim, espero ter a opção de voltar mais uma vez e sentir essas emoções”. O sérvio termina assim um ciclo de quatro anos consecutivos a vencer o Open da Austrália (não participou em 2022).

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Se a vitória de Sinner, apesar de surpreendente, foi esclarecedora, na outra meia-final, o triunfo de Daniil Medvedev foi muito suado. O russo derrotou Alexander Zverev – 5-7, 3-6, 7-6 (7-4), 7-6 (7-5) e 6-3 -, recuperando de dois sets de desvantagem, somando a terceira final no Open da Austrália. Medvedev, que retirou Nuno Borges da competição, celebrou a vitória ao dirigir a palavra “karma” para as bancadas numa referência a declarações que Zverev tinha feito em relação à sua eliminação na primeira ronda da edição de 2023 de Roland Garros na série da Netflix, Break Point.

Medvedev e Sinner vão-se defrontar pela primeira vez num Grand Slam, mas já colecionam nove encontros entre si. Apesar de, na globalidade, o histórico ser favorável ao russo, Sinner venceu os últimos três duelos diretos. “Quero divertir-me no domingo”, garantiu o italiano. “Espero que à terceira seja de vez. A minha experiência diz-me que nem sempre é bem assim, mas espero que aqui funcione”, respondeu o russo que já tem um US Open conquistado.