Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que é tempo de “saber garantir previsibilidade económica e social” e de “saber assegurar a estabilidade o mais longe que ela seja possível”. As declarações foram feitas este sábado à noite num jantar na Associação Empresarial de Portugal (AEP) e reiteradas este domingo de manhã durante uma visita à feira de agricultura Ovibeja.

Questionado, pelos jornalistas após um encontro com Sebastião Bugalho na Ovibeja, sobre se o Executivo tem estabilidade para governar, o Presidente da República disse que “o que se pode esperar é que haja um esforço para tentar garantir a estabilidade”. “O Presidente, neste momento, o que tem de fazer é acompanhar o que se passa lá fora e cá dentro e desejar que lá fora corra melhor do que tem corrido e que cá dentro se vá trabalhando na medida do possível para haver estabilidade e previsibilidade. As pessoas querem muito a previsibilidade, como é que vai ser isto daqui a dois meses, quatro meses, seis meses, oito meses, um ano ou dois anos. Isso constrói-se”, declarou.

Do lado do Governo, o primeiro-ministro deixou garantias de que o executivo “está firme” e vai “cumprir o seu programa”. Na Associação Empresarial de Portugal, num discurso inicialmente mais focado nas empresas e nos empresários, Luís Montenegro disse que tem “todas as condições para cumprir o programa” e que “não são estas pequenas coisas que nos vão atrapalhar, elas existem, não podem ser ignoradas, mas não são o mais importante”.

Além de assegurar que o Governo “tem todas as condições para proceder com a legislatura quatro anos e meio”, Montenegro acusou o executivo anterior, de António Costa, de aprovar despesa de “mais de mil milhões de euros sem cabimentação orçamental”. Mas garantiu que o défice orçamental que regressou no final do primeiro trimestre deste ano não repetirá no final do ano.

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No fim do primeiro trimestre deste ano, nós temos um défice das nossas contas públicas, mas garanto-vos que não vamos ter no final do ano. É verdade que houve muita despesa que foi feita nos primeiros três meses do ano de uma forma muito apressada”, afirmou Montenegro.

No seu discurso, para assinalar os 175 anos da Associação Empresarial de Portugal, Luís Montenegro não poupou nas críticas a António Costa e disse mesmo que “o Governo que antecedeu este, tomou várias decisões, entre as quais 116 resoluções do Conselho de Ministros, 43 das quais sem cabimentação orçamental num volume de cerca de 1200 milhões de euros”. “Isso é tudo verdade, mas também não vou dramatizar a situação.”

O primeiro-ministro referiu-se ainda à coligação negativa entre o PS e o Chega que fez aprovar o fim das portagens nas ex-SCUT contra a vontade do Governo. “É verdade que nós temos um partido à nossa direita no Parlamento, que tem uma representação ainda significativa na Assembleia da República e que fez uma campanha eleitoral a prometer combater o socialismo e agora vota coisas provindas do Partido Socialista. E temos um partido à nossa esquerda, que é o Partido Socialista, que fez uma campanha a diabolizar esse partido à nossa direita e agora aceita os votos desse partido no Parlamento” afirmou.