Luís Montenegro entende que a decisão de Miguel Albuquerque de sair da presidência do Governo Regional da Madeira foi “correta”. “Tomaria a mesma decisão. Mas não vou especular sobre o timming. Não vou dizer que os nossos tempos seriam [ou não] os mesmos.”

Em entrevista à CNN, conduzida pelo jornalista Anselmo Crespo, o líder social-democrata defende-se por não ter dito mais cedo que Albuquerque deveria ou não sair por uma “razão de lealdade” com a pessoa e com a autonomia regional. “Nunca tive dúvidas relativamente àquilo que deveria ser feito e interagi como achei que deveria interagir”, responde Montenegro, referindo-se às conversas que pode ou não ter tido nos bastidores.

Sobre o futuro político da Madeira, Montenegro pressionou Ireneu Barreto a desencadear os mecanismos para a formação de um novo governo, como pretendem PSD e CDS. “O representante da República não deve empatar mais o jogo. Deve nomear um novo governo e deixar a democracia funcionar. É preciso dar sequência e nomear um novo governo”, reitera. “O PSD na Madeira está preparado para ir a votos.”

Quantos os dois principais visados, Montenegro deixou uma palavra de solidariedade, separando, ainda assim, o plano judicial do político. “Acredito mesmo que Miguel Albuquerque e Pedro Calado vão conseguir demonstrar a sua inocência. Eu acredito nisso. Agora isso não tem nada que ver com a situação política. Se me acontecer o mesmo, com certeza [que saio]”, salvaguarda.

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Montenegro vai aos Açores

Depois de o Observador ter escrito que Luís Montenegro não era esperado nos Açores para a reta a final da campanha eleitoral e que José Manuel Bolieiro considerava dispensável a ida do líder nacional para o arquipélago, Montengro aproveitou esta entrevista para garantir que tudo fará para estar nos Açores durante a semana e que estará seguramente na noite eleitoral. “Sou de dar o corpo às balas.”

Recorde-se que Bolieiro, em entrevista ao Observador, disse o seguinte sobre a eventual ida de Montenegro aos Açores: “Já veio”. E até revelou que disse ao líder do PSD que não queria “pôr-lhe este encargo”, até para não “prejudicar a gestão do seu calendário”, acrescentando: “Eu valho por mim”.

Apesar de tudo, e mesmo sendo possível que Bolieiro venha a ter de renovar a aliança com o Chega para poder voltar a formar governo, Montenegro reitera que é contra qualquer eventual acordo com o partido e André Ventura, e que essa regra vale para o continente, como vale para as regiões autónomas.

Líder do PSD admite apresentar moção de rejeição a governo de Pedro Nuno

Desafiado a dizer o que fará caso Pedro Nuno Santos vença as eleições mas exista uma maioria de direita no Parlamento, Luís Montenegro deixa no ar a hipótese de vir apresentar apresentar moção de rejeição a governo de Pedro Nuno Santos.

“Não vejo forma de viabilizar um governo minoritário do PS”, diz. O líder do PSD diz ainda que se recandidatará caso perca as eleições. Sobre a sua relação com Pedro Passos Coelho, nega que estejam afastados e não revela se conta com o antigo primeiro-ministro na campanha eleitoral.

Luís Montenegro reitera que não fará qualquer acordo com André Ventura. “O PSD tem uma liderança e a nossa liderança já balizou as condições com que vai exercer a governação.” Confrontado com o que disse Ventura, que tinha 99,9% de certeza que o PSD cederia se precisasse do Chega para governa, Montenegro contrapõe: “Tem possibilidade zero”.