803kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Pedro Nuno e Ventura em campanha nacional pela frente açoriana. Montenegro rodeado de ataques por todos os lados

Ventura estará toda a semana na região e distingue "inteligente" Bolieiro de quem “não aprendeu". Pedro Nuno estará em ações do PS. Não está, para já, prevista ida de Montenegro à região.

Os Açores são, neste momento, um arquipélago rodeado de ataques a Montenegro por todos os lados. Pedro Nuno Santos e André Ventura estão a apostar forte na região para desgastar o líder do PSD e expor as incoerências entre o PSD nacional e regional relativamente ao Chega: o líder do PS vai estar nos momentos mais importantes do encerramento da campanha do PS/A e o líder do Chega aterrou em Ponta Delgada esta segunda para ficar até domingo como se fosse ele o candidato. Já Montenegro não tem prevista (para já) uma ida aos Açores — o que contrasta com as eleições na Madeira para onde voou duas vezes nos quatro dias antes eleições. O PSD/Açores — de Bolieiro a Mota Amaral — agradece.

Aparecer ao lado de Bolieiro na mesma noite eleitoral em que o presidente do PSD/Açores pode anunciar o início de negociações com os partidos à direita (incluindo o Chega) para formar Governo seria um grande embaraço para o líder do PSD que tem defendido um “não é não” a acordos com o partido liderado por André Ventura. Do lado de Montenegro, lembra-se que esteve três vezes nos Açores nos últimos meses.

O próprio PSD/Açores não vê utilidade na ida de Luís Montenegro ao arquipélago. Sobre a presença de Luís Montenegro na campanha, José Manuel Bolieiro optou por falar no passado: “Já veio“. E até revelou, na mesma entrevista ao Observador, que disse ao líder do PSD que não queria “pôr-lhe este encargo“, até para não “prejudicar a gestão do seu calendário”. E acrescentou: “Eu valho por mim“.

Fotografia de arquivo de Luís Montenegro e José Manuel Bolieiro durante um comício-jantar em Angra do Heroísmo, no dia 9 de janeiro.

TIAGO PETINGA/LUSA

O antigo presidente do governo regional dos Açores e presidente honorário do PSD/Açores criticou violentamente a ida de Luís Montenegro por ir à noite eleitoral da Madeira, acusando-o de ter um “momento penoso e particularmente infeliz” num “clima de vale tudo”. Mota Amaral aconselha agora, de uma forma mais polida em declarações ao Observador, Montenegro a ficar no continente: “Subscrevo o que disse o presidente do PSD/Açores. Já cá veio. Está resolvido“. Para evitar toda esta cacofonia e uma noite suada como a do Funchal, o mais provável neste momento Montenegro não se desloque aos Açores até domingo. A prometida ida às Flores e ao Corvo — a que não foi durante o Sentir Portugal devido ao mau tempo — poderá ficar para depois de dia 4 de fevereiro.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Pedro Nuno “usa” Açores contra Montenegro

Mesmo que Montenegro não volte aos Açores, vai estar, nas palavras dos adversários,  omnipresente nesta fase final da campanha. Que se está, como é natural com a presença de líderes, a “nacionalizar“. Pedro Nuno Santos vai estar no comício de encerramento de Vasco Cordeiro na quinta-feira e ainda participará numa arruada no último dia de campanha. E só não vai dar uma força à Terceira — onde o PSD parece ir largamente à frente do PS — porque anda por um périplo internacional que começou em Madrid e termina em Bruxelas.

O PS nacional tem na cabeça que, ou José Manuel Bolieiro consegue maioria, ou os Açores tornam-se uma win-win situation para Pedro Nuno Santos: ou Vasco Cordeiro governa e o PS recupera a região ou José Manuel Bolieiro é forçado a negociar com o Chega e o PS pode acenar com o fantasma de que Montenegro fará o mesmo na República. É, precisamente, por este lado que Pedro Nuno Santos vai atacar.

Fotografia de arquivo de Pedro Nuno Santos à chegada ao último Congresso Nacional depois de ter sido eleito secretário-geral do PS.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Como atacou, aliás, na última visita à região. Pedro Nuno Santos foi aos Açores durante a campanha das diretas do PS. O diretor de campanha e atual cabeça de lista do PS na região às legislativas, Francisco César, deu um dossier com dados sobre a situação da região. Tenha ou não lido todos os dados, o então candidato a líder do PS já assumia que utilizava os Açores como arma de arremesso nacional: “Eu vou usando várias vezes os Açores, perdoem-me. Vou usando várias vezes a governação do PSD como exemplo do que não podia acontecer.” E acrescentou: “Desde logo, a promessa de que nunca governariam com o Chega. A promessa feita pelo líder do PSD/Açores até às vésperas das eleições, que jurou a pés juntos que nunca faria um acordo com o Chega. A primeira coisa fez foi, de facto, um acordo com o Chega.”

A estratégia de Pedro Nuno Santos — que agora se repetirá — é atirar a relação entre PSD e Chega nos Açores contra Montenegro. “Nós damos esse exemplo para dizer que, no plano nacional, também farão como fizeram nos Açores. Estão a prometer que nunca farão um acordo com Chega, mas farão exatamente aquilo que fizeram nos Açores”, atirou Pedro Nuno Santos.

Ao Observador, fonte do PS/Açores diz que os socialistas açorianos “adoraram o discurso” de Pedro Nuno Santos, que fez questão de falar também “na questão do representante da República e da Lei do Mar”. Daí que Vasco Cordeiro até agradeça a presença do líder nacional (de que discordam os autonomistas mais convictos). Pedro Nuno Santos terá, sim, excluído estar presente na noite eleitoral para, explica a mesma fonte, “não parecer, como o Montenegro, que se estava a aproveitar [de um eventual resultado positivo]”. Um pedronunista do PS/A diz ainda ao Observador que as relações “de Pedro Nuno Santos com o PS/Açores são mais próximas do que eram com Costa”.

Ventura atira “inteligente” Bolieiro como farpa ao PSD

A estratégia de “nacionalização” da campanha Açores de André Ventura é igual à de Pedro Nuno Santos: atirar contra Montenegro a relação (eventualmente de dependência) do PSD/Açores com o Chega/Açores. O líder do Chega não fez por menos: vai estar toda a última semana de campanha na região. Nas ruas, Ventura segue ao lado do candidato como também ele fosse a votos, sendo a estrela da comitiva. Não há outro líder nacional tão envolvido como ele.

José Manuel Bolieiro, em entrevista ao Observador, não fechou a porta a um acordo com o Chega e Ventura aproveitou a oportunidade para atacar o PSD nacional: “O PSD tem aqui um problema. O PSD a nível nacional optou por fazer o disparate enorme de dar aos socialistas esta via ver aberta que é: ou sozinho ou vou-me embora”, disse em declarações aos jornalistas após um encontro com o Sindicato Nacional de Polícia em Ponta Delgada.

André Ventura na sede do Chega-Açores na tarde do dia 29 de janeiro.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Para o líder do Chega “é evidente que o eleitorado não cede a chantagens. Aconteceu com Montenegro. Aconteceu com Rui Rio.” Ventura diz, no entanto, que “Bolieiro já percebeu, é aparentemente um pouco mais inteligente, que as sondagens são o que são. E, portanto, inteligentemente já está a dizer que o povo é soberano, que é o mesmo que dizer: se o povo der essa força ao Chega, não sou eu que a vou retirar.” E ainda acrescenta, numa provocação ao líder nacional: “Em todo o caso, é uma atitude mais inteligente que a de Luís Montenegro, que devia ter aprendido alguma coisa com o José Manuel Bolieiro.”

Mortágua ataca PSD, IL e PAN, Rocha mais madeirense que açoriano

Tal como Pedro Nuno Santos e André Ventura, Mariana Mortágua lembrou o acordo do PSD com o Chega nos Açores, mas, à boleia, atirou também à Iniciativa Liberal e ao PAN. A líder do Bloco de Esquerda esteve num comício-almoço no domingo, no Cais da Sardinha, em Ponta Delgada para fazer um aviso: “Ninguém duvide que eles estariam dispostos a entenderem-se de novo uns com outros.”

Mariana Mortágua — perante um Bloco nos Açores que está a lutar por manter o grupo parlamentar de dpois deputados — acrescentou depois que “o PSD nunca faz alianças com o Chega, excepto quando precisa para uma maioria; a IL nunca faz alianças com o Chega, exceto quando o PSD a obriga; e o PAN faz acordos com todos, tanto nos Açores, como na Madeira.”

A líder bloquista protagonizou outra das mensagens do combate regional dos últimos dias: a “madeirização” da campanha. Mortágua tentou mesmo confundir as situações na Madeira e Açores: “É um triste espetáculo da direita nas regiões autónomas”.

Mariana Mortágua num almoço-comício em Ponta Delgada no dia 28 de janeiro.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Já Rui Rocha esteve nos Açores três dias durante a campanha, ao contrário do que aconteceu na Madeira, não voltará. A última semana de campanha nas regionais da Madeira foi um autêntico desfile de deputados liberais e Rocha fez questão até de voltar na noite eleitoral (que quase podia ser relevante para a IL). Agora, não. E há razões para o desconforto de Rui Rocha: o presidente da IL disse antes de ser eleito que “não teria feito acordo nos Açores” e deu garantias, em entrevista ao Observador, de que “não fará no futuro”. Quatro dias depois, o líder da IL/Açores mostrava abertura um novo acordo com o PSD mesmo que incluísse o Chega: “Não me choca”.

Já Paulo Raimundo optou por ir à região antes da campanha, numa legislatura em que o PCP não tem deputado regional. Ficou, até, atrás do PAN em 2020. A líder nacional, Inês Sousa Real, também não recebeu boas notícias do arquipélago: o candidato do PAN/Açores deixou claro que, numa situação como a da Madeira, não teria aceitado um acordo de incidência parlamentar. Foi uma crítica indireta à posição de Sousa Real e do PAN/Madeira.

Os líderes vão, assim, gerindo os desconfortos com a política regional. Coincidência: aqueles a quem dá jeito explorar uma leitura nacional do Governo de Bolieiro estão presentes; e aqueles a quem não convém, têm outras “prioridades de agenda” nesta última semana de campanha.

 
Assine o Observador a partir de 0,18€/ dia

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Há 4 anos recusámos 90.568€ em apoio do Estado.
Em 2024, ano em que celebramos 10 anos de Observador, continuamos a preferir o seu apoio.
Em novas assinaturas e donativos desde 16 de maio
Apoiar

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Há 4 anos recusámos 90.568€ em apoio do Estado.
Em 2024, ano em que celebramos 10 anos de Observador, continuamos a preferir o seu apoio.
Em novas assinaturas e donativos desde 16 de maio
Apoiar
Junte-se ao Presidente da República e às personalidades do Clube dos 52 para uma celebração do 10º aniversário do Observador.
Receba um convite para este evento exclusivo, ao assinar um ano por 99€.
Limitado aos primeiros 100 lugares
Assinar agora Ver programa