Depois da história, a vontade de chegar ainda mais longe. O Benfica qualificou-se pela primeira vez para os quartos de final da Liga dos Campeões feminina, tornando-se a primeira equipa portuguesa a ultrapassar a fase de grupos da competição, e esta quarta-feira recebia o também apurado Barcelona. Ou seja, com a história já feita, o Benfica defrontava a melhor equipa do mundo com vontade de chegar ainda mais longe.

Contra as encarnadas, porém, estava a história recente. Para além de o Barcelona ser o campeão europeu em título e de contar com algumas das melhores jogadoras da atualidade, o registo do Benfica contra as catalãs era assustador: derrotas por 9-0 e 6-2 na temporada passada, derrota por 5-0 já esta época, ou seja, 20 golos sofridos contra dois marcados em seis jogos. Números que deixavam a treinadora Filipa Patão naturalmente apreensiva — mas que não eliminavam o sonho.

O conto de fadas ficou mesmo ali e só foi preciso esperar: Benfica faz história e está nos quartos da Champions feminina

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“Nada disso é sinónimo de atirar a toalha ao chão ou de entrarmos derrotadas dentro de campo. É, sim, sinal de um grande respeito e admiração pelo trabalho que está a ser feito daquele lado e uma motivação extra para nós, no sentido de querermos também mostrar o que tem sido o Benfica ao longo destes anos. Vamos tentar bater-nos o melhor possível com esta equipa. Sabemos que é muito difícil, mas nós também temos capacidade de tentar fazer coisas bonitas, coisas boas, contra o Barcelona. É nisso que jogadoras têm o seu foco, em tentar fazer o melhor jogo possível, tentar dignificar o melhor possível a camisola”, atirou na antevisão, sublinhando que as catalães estão “a anos-luz” do futebol português.

Neste contexto, no Seixal e na última jornada de um Grupo A que já estava completamente decidido, Filipa Patão não podia contar com as lesionadas Kika Nazareth e Pauleta e também não tinha Andreia Norton, que foi operada a uma apendicite nos últimos dias. Assim, com Lúcia Alves de volta depois a internacional portuguesa ter falhado o último jogo por castigo, deixava Carole Costa e Catarina Amado no banco e lançava Marie Alidou, Nycole Raysla e Jéssica Silva no ataque. Do outro lado, Jonatan Giráldez apostava em Salma Paralluelo e Mariona Caldentey, mantendo a titularidade de Aitana Bonmatí e Keira Walsh.

O Benfica começou praticamente a perder, com Caroline Graham Hansen a abrir o marcador ainda dentro dos primeiros 20 minutos (18′). Patri Guijarro aumentou a vantagem logo depois (20′) e adivinhava-se uma noite difícil para as encarnadas. A equipa de Filipa Patão, porém, respondeu da melhor maneira: Marie Alidou reduziu ainda dentro da meia-hora inicial (26′) e bisou mesmo em cima do intervalo (45′), levando tudo empatado para o balneário.

O Barcelona recuperou a frente do marcador no início da segunda parte, através do segundo golo de Graham Hansen (54′), e Filipa Patão respondeu com as entradas de Carole Costa e Catarina Amado. A cerca de 20 minutos depois, o jogo foi relançado: numa transição perfeita, Nycole Raysla assistiu Jéssica Silva de calcanhar e a avançada portuguesa atirou cruzado para voltar a empatar (71′).

As encarnadas carimbaram a reviravolta 10 minutos depois, na sequência de um autogolo de Lucy Bronze após canto na esquerda (81′), mas não resistiram ao autêntico sufoco implementado pelas espanholas nos últimos minutos, com a mesma Lucy Bronze a ditar o empate final já nos descontos (90+6′). No fim, o Benfica conseguiu o melhor resultado de sempre contra o Barcelona, já que evitou a derrota pela primeira vez.

Com este resultado, o Barcelona ficou no primeiro lugar do Grupo A com 16 pontos, seguindo-se o Benfica com nove pontos, entre duas vitórias, três empates e uma derrota. O Eintracht Frankfurt ficou na terceira posição, com sete pontos, e o Rosengard encerrou o grupo com apenas um ponto conquistado. O sorteio dos quartos de final da Liga dos Campeões está marcado para o próximo dia 6 de fevereiro, com as encarnadas a poderem cruzar com Chelsea, Lyon ou PSG. A eliminatória está agendada para o final de março.