Os acontecimentos da Operação Pretoriano não são mais do que uma tentativa politicamente motivada de “tentar prejudicar” a recandidatutra de Jorge Nuno Pinto da Costa à presidência do Futebol Clube do Porto. Pelo menos é essa a posição defendida pelo advogado de Fernando Madureira, líder da claque Super Dragões, detido junto com outras 11 pessoas esta quarta-feira pelo seu alegado papel na criação de um ambiente de intimidação e violência na Assembleia Geral dos dragões, a 13 de novembro do ano passado.

Ameaças, agressões, intimidação e denúncias: os dois meses e meio que aceleraram a “Operação Pretoriano”

À Rádio Observador, Gonçalo Cerejeira Namora, que além de Madureira representa ainda a sua mulher e Fernando Saul, outros dois dos detidos, descreveu o processo e as buscas da manhã desta terça-feira como assentes em factos “fabricados” e politicamente motivados e teceu críticas à falta de segredo de justiça. “Assistimos a fugas de informação para a comunicação social antes mesmo de as buscas ocorrerem”, disse, algo que considerou como “absolutamente inaceitável e assente em objetivos políticos.

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Para o representante legal de Madureira, o propósito da operação não é “fazer justiça” mas sim contribuir para um jogo de bastidores entre a Polícia de Segurança Público e outras forças de autoridade. Acusando a PSP de querer montar um “circo mediático” e “dar show-off para competir com a operação na Madeira” (numa referência à investigação da Polícia Judiciária por indícios de corrupção que resultou na detenção do presidente da Câmara Municipal do Funchal e na demissão de Miguel Albuquerque), Namora negou quaisquer ligações entre o líder dos super-dragões e Adelino Caldeira para além da “relação que qualquer grupo organizado de adeptos tem”, e afirmou que a arma de fogo, droga, bilhetes e engenhos pirotécnicos apreendidos durante a manhã não se encontravam na residência de Madureira. “Só faltou o avião militar”, ironizou.

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Advogado de Fernando Madureira: “É um circo, uma cabala e há agenda para prejudicar”

Para o advogado, o timing das buscas também “não é de somenos e ninguém pode acreditar que seja involuntário”. Ainda que sem referir nomes, Cerejeira Namora alegou que o principal objetivo da Operação Pretoriano passa por desestabilizar as eleições no Futebol Clube do Porto e, em particular, a recandidatura de Pinto da Costa.  “[Faz parte] de uma agenda para tentar prejudicar uma instituição e uma pessoa em concreto”, alegou. Questionado sobre se se referia ao atual presidente dos azuis e brancos, disse: “a conclusão não é minha, mas chegaram lá rápido”.

No mesmo sentido, teceu duras críticas ao processo que, diz, assenta em ficções e falsidades. “Chamar-lhe cinematográfica é até elogioso. É uma fábula digna de uma novela rasca”, acusou. Ainda que que salvaguardando o direito das autoridades em abrir um inquérito aos acontecimentos “lamentáveis” de 13 de novembro, Namora referiu que os episódios de violência “foram analisados e foi produzida prova no âmbito do Conselho Fiscal e de Administração” do FC Porto, resultando na suspensão de três sócios. 

Considerando inaceitável a apreensão de carros por parte da PSP e alegando que as autoridades arrombaram portas e destruiram propriedade privada dos detidos no âmbito das buscas, o advogado do líder dos Super Dragões acabou por considerar que “não há motivo nenhum para uma operação desta envergadura e, em caso algum, para a privação de liberdade destes cidadãos”. 

Madureira, a mulher, Fernando Saul e os restantes detidos no âmbito da Operação Pretoriano deverão ser presentes a juiz esta quinta-feira. Em causa estão crimes de ofensa à integridade física, coação, ameaças e instigação à violência no contexto da Assembleia Geral do FC Porto que ocorreu a 13 de novembro. Entre os suspeitos no processo está Adelino Caldeira, vice-presidente dos dragões e administrador da SAD. O clube disse que vai colaborar com a investigação.

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