Nas vésperas do desaparecimento de Madeleine McCann, em 2007, Ken Ralphs estava de passagem pelo Algarve quando um amigo lhe contou uma proposta que recebera de um conhecido em comum: a ideia era raptar uma criança com pais ricos e vendê-la a um casal sem filhos na Alemanha. O conhecido em comum era Christian Brueckner. Uma semana depois de Ralphs saber do alegado plano, Madeleine, de três anos, foi dada como desaparecida.

Ken Ralphs garante que, logo em 2007, depois de saber do desaparecimento, contactou a polícia em Cumbria, no norte de Inglaterra, para onde entretanto tinha viajado. Não foi contactado de volta, assegura. Em 2020, quando Christian Brueckner foi dado como suspeito no caso, voltou a contactar as autoridades. Segundo conta à Sky News, foi entrevistado pelas autoridades portuguesas, mas não sabe de que forma é que o seu testemunho influenciou a investigação.

O que sabe é que o amigo que lhe terá contado o plano, que não é identificado no artigo, negou conhecê-lo. Ralphs garante: “Tenho 12 testemunhas independentes que provam que está a mentir”. Brueckner também tem negado o envolvimento no desaparecimento de Madeleine McCann.

Brueckner “tinha um cliente, um comprador em fila de espera”

Ken Ralphs, o amigo e Christian Brueckner, que na altura teriam um estilo de vida nómada, conhecer-se-iam por frequentar os mesmos meios nómadas no Algarve. Ralphs e Brueckner ter-se-ão cruzado, segundo o primeiro conta à Sky News, num parque para autocaravanas na região.

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Nas vésperas do desaparecimento de Maddie, Ralphs visitou a tenda do amigo, a cerca de 30 quilómetros da praia da Luz. Foi nessa noite que, alega, soube do plano. “Bebemos algumas cervejas e ao início da manhã [nome do amigo] começou a chorar. (…) Depois confessou-me que estava a envolver-se com Christian [num plano] para retirar uma criança da Praia da Luz de uma família rica. Eu disse-lhe: Porque te envolves com pessoas assim? Ele disse que não é para obter um resgate, é para vender a criança a um casal alemão sem filhos”, conta Ralphs, agora com 59 anos, que acusa o alemão de se ter aproveitado da vulnerabilidade financeira do amigo.

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Segundo lhe foi dito, Brueckner “tinha um cliente, um comprador em fila de espera, um casal alemão que não podia ter filhos.” Uma semana depois, Maddie, de três anos, desapareceu.

Ralphs estava em viagem de volta a Inglaterra quando soube da notícia. À Sky News garante que contactou a polícia em Cumbria e lhes indicou o caminho até à tenda do amigo, pedindo que a informação fosse enviada a Portugal. Escreveu um depoimento “detalhado”, avança a estação televisiva.

Quando voltou a Portugal, garante ter falado com as autoridades, num posto local da GNR, onde lhe perguntaram se já tinha feito o depoimento à polícia. Respondeu que sim. “Disseram-me: não se preocupe, vá para casa, se eles precisarem eles contactam-no. E claro durante vários anos ninguém me contactou.”

Quando Brueckner foi dado como suspeito, há quatro anos, em 2020, Ralphs voltou a contactar a polícia. Desta vez, segundo conta, foi entrevistado por detetives portugueses. Também garante que contactou a Scotland Yard e que enviou um depoimento detalhado à Procuradoria alemã.

A Sky News lembra que um ex-amigo de Bruckener, Michael Tatschl, revelou ao autor do livro “My Search for Madeleine” (“A Minha Busca por Madeleine”), do jornalista Jon Clarke, que Christian “estava sempre a gabar-se de dinheiro e de ganhar dinheiro, particularmente com assaltos. Até falava em vender crianças, talvez para Marrocos”.

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Brueckner tem negado o  seu envolvimento no desaparecimento de Madeleine McCann e não foi acusado. Atualmente, cumpre uma pena de sete anos na Alemanha pela violação de uma mulher norte-americana na Praia da Luz, em 2005.