A história dos Mundiais de futebol de praia começou na praia de Copacabana com Portugal a conseguir fazer o mais “difícil” (ganhar ao Brasil nas meias) e a falhar no mais “fácil” (derrota com a França nas meias) mas nem isso desviou os canarinhos de uma regra sem exceção até 2009, com o Brasil a ganhar quatro títulos de forma consecutiva e a consolidar-se como principal potência da modalidade. A partir daí, tudo começou a mudar. Porque outros países foram conseguindo uma maior evolução, porque algumas equipas criaram as condições para dar o salto, porque o fenómeno tornou-se mais global. Entre tudo isso, Portugal manteve-se como um dos principais nomes entre as várias gerações que foram passando pela Seleção Nacional.

Depois dessa final perdida de 2005, Portugal sagrou-se campeão mundial em 2015 (Taiti) e 2019 (Itália) e tornou-se a segunda seleção com mais presenças no pódio (seis, apenas atrás do Brasil). Agora, a Seleção chegava ao Dubai, depois de um estágio no Omã, para tentar corrigir a presença falhada da última edição de 2021 em que ficou pela fase de grupos com derrotas frente a Senegal e Uruguai. E o primeiro adversário era um “desconhecido” para o conjunto nacional, tendo em conta que este seria o primeiro duelo frente ao México num grupo onde está também o Brasil, que iniciava a competição diante do Omã.

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“Todos nós sabemos que a cara de quem ganha não é igual à de quem perde e eu quero andar com uma cara satisfeita, por isso tenho de ganhar. Sabemos aquilo que vamos encontrar contra o México, uma equipa forte fisicamente, que tecnicamente não é ótima, mas tem bons executantes. Será um osso duro de roer mas que pensamos puder ultrapassar. Estamos num grupo difícil, como são quase todos. Temos aqui as melhores 16 equipas do Mundo. Portanto, nada é fácil. Neste grupo calharam três das mais fortes, que são Portugal, Omã e Brasil. Qualquer um deles, na minha opinião, pode ser campeão do mundo”, tinha referido na antecâmara da estreia o selecionador Mário Narciso, em declarações publicadas no site oficial da FPF.

Até a própria antevisão do técnico mostrava a importância de entrar com um triunfo na competição, tendo em conta que o México surgia, de forma teórica, como o adversário mais acessível no grupo D, e a entrada de Portugal em jogo mostrou que não havia lugar para facilitismos, estendendo a passadeira para uma goleada sempre motivadora a abrir e para que todos os jogadores pudessem ter minutos de jogo. Entre eles, três destaques: com Elinton Andrade de fora, Pedro Mano foi uma autêntica parede na baliza nacional; mais na frente, os irmãos gémeos Bê e Léo Martins voltaram a dar show ao nível dos melhores do mundo.

Melhor entrada era impossível: com apenas 47 segundos jogados, Bê Martins conseguiu ganhar uma bola na zona de saída dos mexicanos e assistiu Léo Martins para o primeiro golo. Pouco depois, novo golo que teve os mesmos protagonistas mas em papéis trocados, com Léo a assistir Bê em mais uma recuperação que isolou o irmão para o 2-0 (4′). O México ia tentando responder até com o próprio guarda-redes Gabriel Macias a mostrar que tem pé esquerdo para marcar de baliza a baliza mas Pedro Mano foi travando todas as tentativas até novo erro da defesa contrária, com Pabel Montes a perder a bola em zona proibida, a fazer falta sobre Bê Martins, a ser expulso com vermelho direto e a permitir a Léo fazer o 3-0 de penálti (9′). O lance acabou por dar o mote para uma ponta final de primeiro período ainda melhor, com André Lourenço a fazer uma bicicleta após passe de Mano para o 4-0 (10′) e Jordan a encostar na área para aumentar para 5-0 (11′).

A partida estava num plano teórico decidida, o ritmo acabou por ser diferente a partir daí mas Portugal não quis perder a oportunidade para ir aumentando a vantagem no segundo período, com Léo Martins a fazer o 6-0 depois de mais uma saída rápida (14′) naquele que foi o único golo marcado no segundo período. No terceiro e último período, Héctor Acevedo reduziu com uma fantástica bicicleta de longe quando já estava Regufe na baliza (26′) mas esse momento mais não foi do que um “despertador” para Portugal, com Léo Martins a bisar no mesmo minuto (31′). Ramón Maldonado fechou as contas finais em 8-2 (32′).