Não era de hoje, não foi de ontem. Mesmo depois de ter anunciado a saída do comando técnico do Barcelona no final da temporada, a posição de Xavi Hernández continuava em risco. Joan Laporta, líder dos catalães, garantiu por mais do que uma vez nas muitas entrevistas que foi dando para justificar aquilo que apontavam como erros da Direção que, tendo em conta o lugar na história do clube do técnico, aceitava a decisão sem alterações prematuras. No entanto, a imprensa sobretudo catalã continuava a bater na mesma tecla: em caso de eliminação, o fim de linha podia chegar mais cedo. Entre este contexto, Aurelio De Laurentiis, presidente do Nápoles, entrou no filme para roubar a cena ou não fosse ele um produtor cinematográfico.

Em vésperas da primeira mão dos oitavos da Champions, e entre mais uma série de maus resultados com apenas um triunfo nos últimos cinco jogos, Walter Mazzari não resistiu e foi dispensado. Sucessor? Talvez um dos menos prováveis para assumir o cargo: Francesco Calzona, selecionador da Eslováquia que fez ver à Federação local a ambição que tinha de treinar um grande clube no seu país e conseguiu um acordo que lhe permite abraçar os dois projetos. Era assim que chegava a estreia do terceiro treinador da época para os napolitanos depois do falhanço na aposta em Rudi Garcia. Os mesmos jogadores foram campeões na última temporada deixaram de funcionar enquanto equipa, a Liga dos Campeões surgia como uma espécie de tábua de salvação mas De Laurentiis quis colocar a missão ainda mais complicada a desafiar o impossível.

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Francesco Calzona, o novo treinador do Nápoles que não vai deixar de ser selecionador da Eslováquia

Assim, para uns e para outros, era ganhar ou ganhar. E se no caso do Nápoles ficou evidente que a alteração tão em cima da partida foi algo precipitado, sobretudo olhando para a exibição completamente ao lado na primeira parte, o Barcelona teve tudo na mão para dar a volta à trajetória ziguezagueante da temporada. Mais uma vez, falhou. Nem tudo foi mau na noite que marcou o regresso aos relvado de João Félix após lesão mas a forma como os catalães foram melhores a todos os níveis sem conseguir materializar isso mesmo no resultado acabou por ser o espelho daquilo que tem acontecido em muitos dos encontros na Liga, com os transalpinos a viajarem agora até à Catalunha com a eliminatória em aberto para a segunda mão.

O encontro começou mais uma vez com Xavi a apostar na colocação de Christensen como médio recuado do habitual triângulo, promovendo a subida de Pedri a descair mais para o lado esquerdo mas dando a largura às subidas de João Cancelo. Não sendo a opção mais “fácil” não contando com o lesionado Ferran Torres e o só agora regressado João Félix, o técnico não mudou a sua ideia tática da equipa mesmo deixando no banco nomes como Raphinha, por exemplo. Com isso, “ganhou” os 45 minutos iniciais. Yamine Lamal teve uma primeira ameaça travada por Alex Meret (8′), Gündogan também tentou de meia distância para nova defesa do internacional italiano (21′) e, apesar de o nulo ter permanecido até ao intervalo, o Barcelona dominou por completo a partida e conseguiu fazer com que o Nápoles não fizesse sequer um remate nesse período.

O “prémio” desse ascendente chegaria apenas na segunda partida. Em mais um movimento de Pedri por dentro à procura do espaço entre linhas que ia sendo aberto pela circulação rápida dos catalães, o médio espanhol descobriu a desmarcação de Lewandowski e o polaco teve mais um movimento “à antiga”, como estava habituado a fazer, para um remate colocado e rasteiro que fez o quinto golo nos últimos quatro jogos (60′). De forma justa, o Barça tinha a partida no mão. No entanto, não soube aproveitar o momento, não manteve o mesmo tipo de jogo e acabou por dar vida ao Nápoles, que chegou ao empate numa jogada em que Osimhen deixou Iñigo Martínez no chão após rodar à entrada da área antes do remate sem hipóteses para Ter Stegen (75′). Gündogan, nos descontos e já com João Félix em campo, ainda teve uma tentativa que saiu a rasar o poste da baliza de Alex Meret mas o mal estava mesmo feito e continuava tudo em aberto.