Até há poucas semanas, Kimi Antonelli era apenas mais um jovem piloto. Um jovem piloto com muito potencial, é certo, mas apenas mais um jovem piloto. A ida de Lewis Hamilton para a Ferrari, porém, deixou perceber que a Mercedes está a olhar de forma convicta para o futuro ao invés de ficar presa no passado — e foi nesse momento que Kimi Antonelli se tornou bem mais do que um jovem piloto.
Com apenas 17 anos, o italiano natural de Bolonha está prestes a estrear-se na Fórmula 2 com a Prema Racing. Depois de ganhar a F4 italiana em 2022 e o Campeonato da Europa Regional de Fórmulas em 2023, decidiu saltar a F3 e colocar-se desde já um degrau abaixo da Fórmula 1. A opção, contudo, não terá sido totalmente sua: parte da Mercedes Junior Team desde 2019, Kimi Antonelli é o protagonista do futuro da equipa e teve um papel predominante na saída de Lewis Hamilton para a Ferrari.
Em agosto, o piloto britânico assinou uma renovação de contrato de dois anos com a Mercedes — que conseguiu reduzir a apenas um ano ao ativar algumas cláusulas, juntando-se à Ferrari já em 2025. E a explicação para o facto de a equipa só ter oferecido duas temporadas de vínculo a um heptacampeão mundial prende-se precisamente com a vontade de incluir Kimi Antonelli nos planos da Fórmula 1, no máximo, em 2026.
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Numa entrevista recente, o team principal da Mercedes confirmou o cenário e comparou-o ao caso de Max Verstappen, já que a equipa esteve muito perto de contratar o piloto neerlandês quando este ainda estava na Fórmula 2 e não conseguiu fazê-lo por não ter lugares vagos. “Houve uma situação há uns anos onde tivemos a oportunidade de contar com o Max. E não foi possível porque não tínhamos um cockpit, simplesmente. O Nico Rosberg e o Lewis Hamilton tinham contratos de longa duração e a Red Bull aproveitou a oportunidade. Deram-lhe um contrato com a Toro Rosso e ele acabou a conduzir com a Red Bull no ano seguinte”, explicou Toto Wolff.
“Perdemos um jovem piloto nesse momento e todos podemos ver o quão bem sucedido ele se tornou. Agora temos novamente um júnior no nosso horizonte, um júnior que está a conduzir a um nível muito alto, e queremos deixar essa opção aberta”, acrescentou. Ainda assim, Wolff sublinha que não é garantido que Kimi Antonelli seja opção para a Mercedes já em 2026 e muito menos que o lugar de 2025, em dupla com George Russell, esteja a ser guardado para o italiano.
“Isto não significa que vamos pôr o Antonelli no carro já no próximo ano. Tem 17 anos, pode ser um pouco cedo. Mas olhando para um futuro a cinco ou 10 anos, quis manter esta opção. É um miúdo maravilha. Ganhou tudo o que havia para ganhar nos karts e depois subiu à F4. Ganhou todos os campeonatos no ano de estreia, subiu de categoria e voltou a ganhar tudo aí também”, indicou o líder da Mercedes.
Kimi é filho de Marco Antonelli, antigo piloto que é também o dono da AKM Motorsport, equipa que está a competir na F4. O primeiro nome do jovem italiano, na verdade, é Andrea — Kimi é o nome do meio e uma homenagem a Kimi Räikkönen, finlandês que era o ídolo do pai. Com apenas 17 anos e à beira de se estrear na F2, Kimi Antonelli carrega o peso de ser comparado a Max Verstappen, de poder substituir Lewis Hamilton e até de ter a possibilidade de se tornar o primeiro italiano a lutar pela glória na Fórmula 1 desde que Alberto Ascari foi campeão do mundo em 1953.
“Não quero criar quaisquer expectativas. Sei que vai ser difícil, porque o nível aqui é muito alto. Tenho um companheiro de equipa muito forte e posso aprender muito com ele. Vai ser muito importante tentar roubar-lhe alguma sabedoria durante a temporada. Vou dar o meu melhor. Claro que quero ganhar, mas sei que não vai ser fácil”, disse o jovem piloto na antevisão da temporada, sendo que a Mercedes já anunciou que Kimi Antonelli vai realizar um teste privado com o carro de Fórmula 1 de 2022 nas próximas semanas.