A EDP fechou o ano com lucros consolidados de 952 milhões de euros, o que corresponde a um acréscimo de 40% face a 2022, ano marcado pela crise energética e por uma seca severa que penalizou a operação e resultados da elétrica em Portugal. A elétrica chegou a registar prejuízos no primeiro trimestre do ano passado, tendo fechado 2022 com lucros de 679 milhões de euros.

A empresa sublinha precisamente esse factos ao destacar a recuperação da produção hídrica em Portugal para níveis médios, mas também a subida dos resultados com origem no Brasil onde a EDP passou a deter 100% da EDP Brasil (e dos seus lucros). Os resultados beneficiam ainda da rotação de ativos renováveis em Espanha, Polónia e Brasil e têm reconhecida uma perda associada a imparidades de 310 milhões de euros nas centrais a carvão de Pecém, nos projetos eólicos na Colômbia e nas centrais de ciclo combinado em Portugal.

Apesar da forte recuperação dos resultados, o grupo EDP ainda não voltou à fasquia dos mil milhões de euros de lucros anuais e foi ultrapassada pelo segundo ano consecutivo pela Galp como a empresa não financeira  com resultados líquidos mais altos e com sede em Portugal. Este ano, a empresa de gás e petróleo lucrou mil milhões de euros.

EDP perde mais de 200 mil clientes no mercado elétrico e 40 mil no gás

A produção elétrica na Península Ibérica registou uma forte recuperação no ano passado com a margem bruta a crescer 179% e o resultado operacional a disparar mais de 500% para 992 milhões de euros.

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Apesar da força na produção elétrica , os impactos da crise energética de 2022 são visíveis na perda de clientes no segmento comercial. A EDP vendeu menos 10% da eletricidade no mercado ibérico, tendo perdido 4% dos clientes em Portugal, o que corresponde a menos 210 mil consumidores. A perda de clientes no gás foi mais expressiva em termos relativos, 6% em Portugal, mas em termos absolutos foi de 41 mil, com muitos clientes a passarem do mercado livre para a tarifa regulada, mas mantendo-se na EDP Comercial.

Em termos consolidados, a elétrica liderada por Miguel Stilwell de Andrade registou um crescimento de 11% na margem bruta da exploração (EBITDA) que passou para os 5.032 milhões de euros, beneficiando da produção hidroelétrica, mas também da recuperação de margem comercial com a estabilização dos preços no mercado grossista. A descida dos preços da energia penalizou, por outro lado, os resultados de 2023 da EDP Renováveis.

Lucros da EDP Renováveis caíram para 513 milhões de euros em 2023

A EDP destaca os “passos importantes” dados no caminho da descarbonização do portefóleo com o fim das centrais a carvão em Espanha e no Brasil.

O investimento operacional consolidado cresceu 28% para 5.848 milhões de euros, com as renováveis a levarem a fatia de leão. Nas redes foram investidos quase mil milhões de euros, dos quais 515 milhões de euros em expansão e 462 milhões de euros em manutenção. A dívida líquida ascendeu a 15,3 mil milhões de euros, com os custos financeiros a estabilizarem nos 910 milhões de euros.

Os resultados antes de impostos atingiram os 1.888 milhões de euros, mais 17% do que em 2022, com a EDP a contabilizar 507 milhões de impostos pagos e diferidos, mais 27% que no ano anterior e o pagamento de 49 milhões de euros de contribuição extraordinária sobre o setor da energia.

Acionista vão decidir novo mandato para a administração

A EDP anunciou ainda que vai pagar dividendos de 19,5 cêntimos por ação. A proposta será feita na próxima assembleia geral, reunião que irá ainda marcar a eleição de um novo mandato para os órgãos sociais. O mandato do atual presidente executivo terminou no final de 2023. Miguel Stiwell de Andrade assumiu o cargo em substituição de António Mexia que em 2020 foi suspenso de funções por decisão judicial relacionada com o caso EDP. Esta semana foi já conhecida a identidade do presidente do conselho geral e de supervisão, António Lobo Xavier.

António Lobo Xavier vai ser presidente do conselho geral e de supervisão da EDP