O advogado António Lobo Xavier foi escolhido para presidir ao conselho geral e de supervisão da elétrica, órgão de fiscalização da comissão executiva onde têm assento administradores independentes e representantes dos maiores acionistas da elétrica.

A informação é avançada pelo jornal Eco e já foi confirmada pelo Observador. O anúncio dos nomes que vão compor este órgão só será feito um mês antes da assembleia geral anual da elétrica que está marcada para 10 de abril. É provável que possam vir a ocorrer mais alterações porque existe um limite legal para o número de mandatos que pode ser feito pelos seus membros na qualidade de independentes, o que impõe alguma rotatividade.

Lobo Xavier vai substituir João Talone que fez apenas um mandato no cargo. O gestor e antigo banqueiro manifestou-se indisponível para continuar no cargo depois da sua proposta para rever a composição do conselho geral da EDP não ter sido acolhida. Segundo revelou o jornal Eco em janeiro, Talone queria reduzir o número de representantes dos grandes acionistas neste órgão para reforçar os administradores independentes. Um dos temas sensíveis nos trabalhos deste órgão é a monitorização das transações feitas entre o grupo EDP e os acionistas chinês e espanhol que têm negócios na energia e nas mesmas áreas geográficas.

O conselho geral e de supervisão da EDP é atualmente composto por 16 membros, dos quais nove são independentes incluindo o presidente. Os restantes representam dois acionistas. A China Three Gorges tem 20,86% da EDP e quatro representantes no conselho geral. Já os espanhóis da Fundação Masavéu que têm 6,8% estão representados com dois membros. Entre os atuais administradores independentes estão Esmeralda Dourado, João Carvalho das Neves e Sofia Salgado.

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São ainda acionistas de referência investidores financeiros como a BlackRock e o Canada Pensions Plan Investment Board que não estão no conselho geral.

Para além de advogado — é sócio da Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados; e antigo dirigente do CDS — António Lobo Xavier tem ocupado cargos não executivos na administração de empresas do grupo Sonae, mas também no BPI onde é vice-presidente (não executivo), na Casa da Música e na Fundação Serralves. Tem ainda presença pública no programa de comentário político semanal com Pacheco Pereira e Alexandra Leitão, “O Princípio da Incerteza” que é difundido na CNN e na TSF.

É provável que tenha de abdicar de alguns destes cargos para exercer as funções de presidente do conselho geral e de supervisão da EDP. Esta é uma função que tem exigências acrescidas de exclusividade e dedicação de tempo, tendo associada uma remuneração bruta anual de pouco mais de meio milhão de euros. Já foi entretanto noticiado que Lobo Xavier vai abandonar a Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados.

O conselho geral e de supervisão da EDP já foi presidido por personalidades que tiveram cargos políticos como Eduardo Catroga (ministro das Finanças de Cavaco Silva) e Luís Amado que foi ministro dos Negócios Estrangeiros do governo de José Sócrates.