Centenas de trabalhadores estão esta sexta-feira frente à sede da Caixa Geral de Depósitos, em Lisboa, num manifestação ruidosa em dia de greve por mais aumentos salariais.

Ao som de apitos, “Trabalho digno é um direito, sem eles nada feito” e “o clima de terror não é motivador” são alguns dos gritos de ordem do protesto em que os trabalhadores reivindicam aumentos salariais superiores aos 3,25% (aumento médio) propostos pelo banco público.

No protesto marcam presença os líderes da UGT, Mário Mourão, e da CGTP, Tiago Oliveira, e candidatos do BE, PCP e Livre às legislativas de março.

A greve dos trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) regista uma adesão de 70% e encerrou “centenas de agências”, segundo fonte sindical, garantindo o banco que 92% das agências estão abertas e a adesão é “pouco significativa”.

Em comunicado, o Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC) — a organização sindical mais representativa dos trabalhadores do grupo e responsável pela convocação da greve, à qual se juntaram posteriormente o Mais Sindicato, SBN, SBC, Sintaf e SNQTB — sustenta que a paralisação “está a ser um êxito, com uma adesão estimada até ao momento na ordem dos 70%”.

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Segundo o STEC, há “centenas de agências encerradas e outras com a porta fechada, sem condições mínimas para prestar qualquer atendimento ou realizar operações”.

Contactada pela agência Lusa, a direção de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas da CGD contrapõe, contudo, que “92% das agências estão abertas em todo o país” e que a totalidade dos Gabinetes de Empresa estão a operar.

“O perfil de transações registadas nos diversos canais não sofreu alterações face aos dias anteriores”, assegura a Caixa, garantindo que “o número de pessoas que aderiram está registado em sistema” e que “os números avançados pelos sindicatos estão completamente fora da realidade, tendo a adesão registada sido pouco significativa”.

O STEC garante, contudo, que, “de norte a sul, passando pelas ilhas, não há agências da CGD a funcionar com normalidade” e adverte que, “para a CGD, a simples presença da gerência, sem efetuar transações será motivo para serem estatisticamente contabilizadas como operacionais, descurando por completo todos os procedimentos internos de segurança”.

Para o sindicato, os números de adesão à greve, “apesar das muitas tentativas de desmobilização perpetradas através de pressões, repressões e ameaças veladas”, demonstram que “os trabalhadores da CGD não se deixaram condicionar ou atemorizar”.

Para as 12h00 desta sexta-feira está marcada uma concentração dos trabalhadores do banco público junto à sede da CGD, na avenida João XXI, em Lisboa.

A administração, como é hábito, tentou e tentará, por todas as formas, minimizar e deturpar a real dimensão desta greve, subvalorizando e desvirtuando o verdadeiro número de aderentes”, adverte o STEC.

Segundo sustenta, “ainda no decorrer do dia de hoje [sexta-feira], a administração da CGD virá a público mais uma vez, num exercício de pura demagogia, tentar intoxicar a opinião pública com um conjunto de dados de origem duvidosa e sem demonstração factual dos mesmos, com o intuito de subverter a realidade dos factos, denegrir a imagem pública dos trabalhadores e reformados da CGD e omitir a real perda de poder de compra acumulada nos últimos anos, que contribui para engrossar os lucros recorde da empresa”.

Sustentando que “os trabalhadores mostraram que não aceitam abdicar dos seus direitos” e que “esta greve e a sua dimensão é mais um aviso à administração”, o STEC defende que a CGD “tenha a capacidade de tirar as devidas ilações e tome medidas concretas”, não excluindo “a possibilidade de novas ações de luta, caso a situação laboral não se altere“.

De acordo com a Caixa, o banco está a minimizar os efeitos negativos da greve através dos seus canais digitais, onde diz ter mais de 2,5 milhões de clientes ativos, do parque de máquinas que faz tesouraria automática na maior parte das agências de grande afluência transacional (auto serviço) e dos mais de 4,7 milhões de cartões multibanco para auto-serviço.

Os trabalhadores da CGD cumprem esta sexta-feira um dia de greve contra aumentos salariais de 3,25% que os sindicatos consideram “irrisórios” face ao custo de vida e os lucros do banco, que terão atingido os 1.000 milhões de euros.

Trabalhadores da CGD em greve no dia 1 de março

O protesto foi convocado depois de o banco público ter revisto a sua proposta de atualização salarial ligeiramente, de 3% para 3,25%, considerando então o STEC (que pedia 5,9% com um mínimo de 110 euros) que se trata de aumentos “irrisórios e absurdos”.

Em comunicado, a CGD afirma que a greve mostra a “politização” das estruturas sindicais, considerando que só acontece por se tratar do banco do Estado.

“A CGD lamenta que os sindicatos tenham decidido realizar uma greve em pleno período negocial, quando a Caixa aprovou, para todos os colaboradores no ativo, pré-reformados e reformados, uma atualização salarial média de 3,25%, como antecipação da revisão que vier a ser acordada nos processos negociais que, reforçamos, estão em curso”, realçou.

“Quando as propostas conhecidas são de 2,5% (Crédito Agrícola), 2,125% (Millennium bcp) e 2% (Santander, NB, BPI, Montepio, Barclays e BBVA, entre outros)”, os sindicatos “entenderam desvalorizar as negociações através de um pré-aviso de greve que só acontece na Caixa, prejudicando apenas os clientes do banco do Estado”, lamentou.