O primeiro troço da empreitada de modernização da Linha de Cascais estará concluído em breve, estando previsto o restabelecimento da circulação normal entre Cais do Sodré e Algés a 11 de março. A informação foi avançada ao Observador por fonte oficial da Infraestruturas de Portugal (IP) que é a responsável pela obra que trouxe condicionamentos à circulação da linha neste troço e que obrigou ao transbordo dos passageiros por autocarro entre o Cais do Sodré e Algés nos serviços noturnos.

No entanto, a IP adianta também que vai avançar uma nova fase da obra de remodelação da infraestrutura entre Oeiras e Cascais, o que deverá implicar novos constrangimentos à circulação pelo menos até ao final do ano. A Linha de Cascais é uma das principais linhas suburbanas do país, transportando um tráfego médio diário de mais 100 mil passageiros.

Questionada sobre outras fases da obra e o seu impacto na circulação ferroviária, a IP indicou que a partir de 11 de março ,”vai ser dado início ao mesmo tipo de intervenção no troço Oeiras – Cascais, que decorrerá até ao final de 2024.” A CP confirma que a circulação de comboios nos troços Cascais – Oeiras – Cascais será suspensa, em alguns horários, a partir daquela data. “Os trabalhos decorrerão, maioritariamente, no período noturno, para minimizar os efeitos das perturbações. As ligações serão asseguradas através de serviço rodoviário de substituição”.

Desde maio do ano passado que a circulação é diariamente interrompida entre o Cais do Sodré e Algés desde as 23h00 e até ao último comboio nos dias úteis. No fim de semana, as interrupções vão desde as 05h30 até às 09h30 da manhã e começam mais cedo à noite, entre as 19h30/20h00 até ao último serviço. Esta situação deveria ter demorado 18 semanas, de acordo com o comunicado emitido então pela CP, o que corresponderia a quatro a cinco meses. Mas 10 meses depois os constrangimentos à circulação mantêm-se.

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Questionada sobre esta demora, a operadora ferroviária remeteu para a gestora da rede e dona da obra, a IP, que esta terça-feira adiantou ao Observador que a circulação normal no troço entre Cais do Sodré e Algés será restabelecida no próximo dia 11 de março, segunda-feira. A IP dá várias explicações para o atraso, que atribui ao facto do empreiteiro ter sido obrigado a parar por diversas ocasiões, entre as quais refere as Jornadas Mundiais da Juventude, provas desportivas e concertos. Reconhece, contudo, que ocorreram “diversas vicissitudes” com a obra, destacando a falta de disponibilidade da mão de obra que “contribuíram para o atraso verificado”.

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As intervenções decorreram ao mesmo tempo e na mesma área em que estão em curso as obras do Metro para ligar a estação do Cais do Sodré à nova linha circular, que irá incluir Santos e Estrela até ao Rato. A articulação das duas obras levou a um período mais longo de interrupção da circulação em dois fins de semana.

Obras suspendem circulação ferroviária entre Cais do Sodré e Algés em dois fins de semana

Em esclarecimentos prestados em janeiro, a CP garantiu que o recurso a transbordos por autocarro nos horários previstos não implicou qualquer redução da oferta nos horários intervencionados. No entanto, o tempo das viagens é prolongado em vários minutos.

Esta empreitada de modernização da Linha de Cascais está orçada em 31,6 milhões de euros e inciou-se em dezembro de 2022. Entre as intervenções previstas está a migração do sistema de eletrificação em corrente contínua, único no sistema ferroviário nacional, para 25 kV em corrente alternada, o que implica a substituição total da catenária entre Cais do Sodré e Cascais.

A modernização desta infraestrutura prevê igualmente um novo sistema de sinalização e controlo de velocidade, sistemas de videovigilância e estão previstas beneficiações de estações e apeadeiros. A renovação da frota de comboios, os mais antigos em exploração em Portugal, está incluída na encomenda de 117 novos comboios que a CP adjudicou ao consórcio da Alstom, mas cuja entrega só vai começar daqui a três anos.

Maior encomenda da CP vale 746 milhões e prevê que 100 comboios sejam montados em Portugal