O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, considerou esta terça-feira que existe falta de “vontade técnica e política” para construir o novo aeroporto no concelho, que o autarca considera ser a opção “mais benéfica e sustentada”.

O autarca do PSD argumenta que os problemas de tráfego aéreo apontados pela Comissão Técnica Independente (CTI) em relação a Santarém são “ultrapassáveis”, referindo que questões semelhantes foram identificadas em Vendas Novas e em Alcochete, mas foram resolvidas por “vontade técnica e política”.

“Em Vendas Novas e em Alcochete houve igualmente situações relacionadas com o espaço aéreo que foram ultrapassadas por vontade técnica e política”, disse Ricardo Gonçalves, em declarações à Lusa.

O líder do executivo discorda das conclusões da CTI sobre a impossibilidade de construir uma infraestrutura aeroportuária única em Santarém, argumentando que a região escalabitana apresenta uma série de vantagens “conhecidas por todos”, nomeadamente no que diz respeito às infraestruturas, que “não são necessárias de construir” porque “já existem”.

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“O projeto de Alcochete tem muitos milhões de euros de infraestruturas que ainda não foram construídas (…) ao passo que Santarém tem já uma série de infraestruturas construídas, nomeadamente a proximidade de diversos eixos viários e ferroviários”, acrescentou.

As recomendações da CTI apontam que Humberto Delgado + Santarém “pode ser uma solução”, depois de esta opção ter sido descartada no relatório preliminar.

Nesta solução, a comissão refere Santarém como “aeroporto complementar ao AHD (Humberto Delgado), mas com um número de movimentos limitado, não permitindo satisfazer a capacidade aeroportuária necessária no longo prazo”.

A CTI, de acordo com o relatório final divulgado na segunda-feira, considera que Santarém tem como vantagem a “coesão territorial a nível nacional, sobretudo na Região Centro, embora com menos vantagem para a Região de Lisboa”.

Ricardo Gonçalves discorda desta consideração, referindo que “tudo aquilo que beneficia Portugal beneficia Lisboa”.

“Como é que as outras zonas do país olham para esta situação, em que uma comissão diz que é bom para Portugal mas não é bom para Lisboa, sendo que Lisboa é a zona mais rica do país?” questionou Ricardo Gonçalves.

Apesar de discordar de algumas conclusões, o autarca referiu que o facto de a opção Santarém ser agora considerada como uma opção viável para complementar o aeroporto Humberto Delgado, mesmo após ter sido inicialmente descartada no relatório preliminar, reflete “um reconhecimento da qualidade do projeto”.

Em relação às preocupações levantadas sobre a rapidez de execução da opção Santarém, o autarca argumenta que a CTI “acredita ser possível construir o aeroporto em Alcochete em cinco anos, o mesmo período necessário para a opção Santarém, apesar de Alcochete não dispor das infraestruturas já existentes em Santarém”.

O autarca considera ainda que a opção Santarém continua a ser a única que “dará resposta à falta de capacidade aeroportuária de Portugal”, referindo que esta opção é aquela que mais beneficia Portugal e Lisboa, de forma clara e sustentada”.

A Comissão Técnica Independente (CTI), de acordo com o relatório final divulgado na segunda-feira, considera a solução única para o novo aeroporto de Lisboa, em Alcochete ou Vendas Novas, a mais “favorável em termos globais”.

Relatório final da comissão técnica só afasta opções para o Montijo (e Santarém como aeroporto único)

Nas conclusões do relatório ambiental, a CTI refere que “as opções estratégicas de solução única são as que se apresentam como mais favoráveis em termos globais”, apontando as hipóteses Alcochete e Vendas Novas.